segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Como ter Paz na sua vida

Como me sinto bem. Um período de decisões e alguma disciplina me fizeram chegar ao novo ano, este. Com uma sensação de que a vida pode ser sim o que eu quiser que seja. 
Uma das melhores coisas da vida é ser adulta. "Uma mulher madura", oh, é isto o que nos tornamos. E estou amando!
O tempo só me trouxe coisas boas, entre elas, um desprendimento sobre quase tudo, e uma tranquilidade que eu posso chamar de paz

Essa sensação de não ligar mais para coisa alguma, não me importar mais com o que os outros pensam, seguir as coisas importantes e deixar de lado os ruídos, propagandas, lixos, pode parecer a princípio assustador. 
Somos ensinadas sempre o contrário. A se importar de forma demasiada, a servir sempre e a deixar nossas vidas em segundo plano. Mas, não! Com o tempo você aprende que cuidando de si, pode ser mais bondosa com o mundo. 
Ensinar e aprender é algo que devemos exercitar todos os dias. Todos nós temos algo para aprender e alguma coisa para ensinar. Sei que agora posso ensinar a paz, pois a experimento dentro de mim. 

Deixei de lado pessoas, situações e coisas que não são para mim. Antes disso, busquei definir o que é meu, o que não é. E essa introspecção faz com que você abandone muitas crendices, muitos pensamentos de que precisa daquelas ideias, daquelas pessoas, que muitas vezes estão pouco se importando com você. Por outro lado eu busquei o que está em mim desde sempre, o que pertence à minha natureza e o que eu vim fazer neste mundo. 


Com base nisso:

-comecei a ter uma vida mais simples.

Sempre fui simples, porém agora, conscientemente decidi não mais compactuar com um mundo que te enfia objetivos e coisas que não são necessárias. 
Todos ao redor estão vivendo uma urgência em se conectar, em se comparar, em ser alguém bem sucedido, com posses, etc. Você não precisa ser os outros. Seja só você. Procure o que quer e siga aquilo, sem distrações.

- não tenho mais obrigação de satisfazer o ego de ninguém.

Ninguém vai me dizer o que sentir, o que ser, o que fazer.  As pessoas adoram dizer o que você precisa fazer, precisa ser, precisa comprar. "Tenha filhos", "More na cidade X", "Compre isso". Mas eu vou te dizer: tudo o que você fizer, aguentará as consequências sozinha. Você pode estar rodeado de pessoas incríveis, companheiras, etc, mas em muito tempo de nossas vidas, estamos lutando com nós mesmas, então, não é preciso ir atrás de tudo o que te dizem, OK?

Há certas escolhas que são incrivelmente pessoais e tudo o que as outras pessoas dizem, bem, pode até ser real e até bonitinho, mas a sua realidade é que importa, afinal. 

As pessoas adoram lhe dar conselhos sobre o que deve fazer, o que é melhor, mas quase sempre estão falando de escolhas delas e não da sua escolha. Sua vida é diferente. E tem muita gente aí dando conselhos com a vida em frangalhos. Já li certa vez, "não aceite críticas de quem nunca construiu nada". Vale também para conselhos. 
Então caros leitores, minha profissão, como qualquer outra, tem lá seus problemas, defeitos e qualidades, mas eu a escolhi. E me reinventei, consegui!  
As minhas escolhas me trouxeram a este ponto da minha vida. E posso dizer que se houvesse seguido o caminho dos outros, estaria muito arrependida hoje.

- parei de pedir opiniões sobre minha vida.

Levei algum par de anos para perceber que muito melhor é eu escutar a mim mesma e fazer as coisas, depois comentar. E sabe por que? Não por que vão ter inveja, bla bla bla. Mas porque falar demais é sempre um prato cheio que você entrega para quem só vai te julgar. É muito melhor trabalhar para você, viver para você. Chega desse mundinho de ostentação.

- sigo estudando, apesar de não precisar mais.

Já dou formada, já tenho profissão e uma vida de que posso me orgulhar. Por que então continuo estudando? Por que eu adoro ler, adoro ouvir os professores, são as poucas pessoas que posso confiar, no sentido de que as informações são confiáveis e de que muitos desses professores são sábios, tem chão e muito conhecimento. 
Em um mundo de informações falsas, em que quase tudo é duvidoso, os professores ainda são a melhor fonte dos fatos e da verdade.

- o meu tempo é sagrado.

Acordo mais cedo, preciso de tempo, para estar só, para refletir e estar mais perto da Natureza. Esse tempo é algo muito valioso para mim. A cada dia percebo as horas de maneira diferente de antes, agora as coisas voam, mas ao mesmo tempo, estão apenas aqui, no presente. Estou adorando essa sensação!


sábado, 9 de novembro de 2019

Minhas poesias saíram na Antologia Juiz de Fora ao luar

 A minha amiga e escritora Maria Helena Sleutjes fez um convite para eu escolher algumas poesias que seriam parte da antologia feita pela sua editora, que já está no volume 3.
 Escolhi as que eu gosto e também um poema que escrevi para ela. O que considero um dos mais bonitos, pois caprichei muito nele. Foi uma forma de homenagem à minha mãe e à minha amiga.
Além dos poemas românticos, tristes e que fazem parte de mim, estão aí registrados em livro.
 A poesia tem essa particularidade para mim. Descreve um mundo tão particular, só meu, mas que deseja ser lido. Algo feito para durar, para estar registrado em algum lugar, as marcas de sentimentos, de sonhos, de lembranças, espero que fiquem para sempre, pois são muito importantes para mim.



quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Nunca deixe ninguém definir o que você é.

Já é tão difícil para qualquer pessoa levar sua própria vida, carregar suas dores, viver consigo mesmo dia após dia, numa luta contra si mesmo para mudar comportamentos, dores, hábitos complicados e esquecer certas coisas. Imagina então quando vem um desconhecido te rotular ou dizer o que você deve fazer.

Nunca deixe ninguém, mas ninguém mesmo, destruir sua integridade, duvidar de sua capacidade ou te humilhar perante qualquer situação.
Não aceite decretos ou julgamentos de pessoas que entraram ontem em sua vida e já se julgam capazes de te avaliarem conforme suas lentes.
Temos vivido tempos em que as pessoas não se sentem nem um pouco culpadas em lotear os outros com suas convicções, preconceitos e julgamentos. Agem movidos por seus próprios complexos egoístas e propósitos e poucos aprenderam a ouvir e serem amigos de verdade.
Esse texto eu escrevo para meus amigos, sobretudo para minhas amigas, para que jamais se deixem levar por comentários depreciativos.

Às vezes, quem mais nos fere são pessoas do convívio mais íntimo, pois é para elas que muitas vezes nos abrimos. Há pessoas que pegam cada detalhe, apenas para no momento oportuno, usar contra.
Foi pelo fato de que dentro de cada pessoa existem flores, que nascem e morrem todos os dias. Essa metáfora é clichê eu sei, mas é perfeita para explicar o que é a vida interna de cada um. São plantas sensíveis, de vida curta, são flores frágeis, que cultivamos com muito custo e cuidado, e, se um dia as mostramos aos outros é sempre na esperança de que pelo menos a outra pessoa veja tudo com um olhar de respeito, e se decidir ficar, nos ajude a observar, a reter cada cuidado, mas é muito triste quando o mundo interior é visto com desprezo por alguém que apenas quer te ferir.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Lágrima

É difícil entender que em noites de pura alegria e paixão a única coisa triste de minha vida salta por minha boca e toma a minha voz.
É uma única tristeza, é a única coisa que me fará chorar em qualquer tempo em que puder expressar o que sinto a esse respeito.
Pois então, num misto de fazer-me conhecer, com o fato de que essa dor precisa vez ou outra sair de meu peito eu falei sobre o meu irmão.

É tão raro eu falar sobre o que me dói verdadeiramente. O mais trivial dos dias se passa na esperança de que as pessoas pensem que o que me entristece sejam os climas frios, as nuvens eternamente cinzas do inverno ou um desapontamento qualquer, mas não!

Eu de fato vivo sempre alegre e feliz, tenho a alegria na alma e isso aprendi com minha mãe, quem me ensinou a amar os livros e a ter sensibilidade e intuição para tudo nesta vida. De fato e com efeito, poucas coisas me tiram a graça de viver, muito poucas mas há uma tristeza que não passa sem ser notada por minha alma. Uma tristeza sim, conjunta com a dor do abandono, da minha incapacidade e desesperança frente a uma fatalidade.

Diante da mesquinhez humana e do julgamento alheio eu apenas me calo e sigo os dias como se não importasse o que levo comigo, como se simplesmente as alegrias dos momentos pudessem semear flores onde há uma pequena ferida na alma.

Mas como disse, vez ou outra, eu lembro e falo desse sofrimento, e muitas vezes me recolho e por vezes me arrependo de ter falado pois quem neste mundo poderia me entender? Neste momento vou a dormir quase sempre na certeza de que os sonhos virão e neles a voz do inconsciente que jamais se cala, onde o tempo não existe e onde os sentimentos são transparentes e vivos, cada vez mais vivos, ali estão todas as coisas que eu amo e as que me ferem.

Neste não lugar não importam minhas negações, as coisas estão tão claras como o dia, embora seja sempre noite e os símbolos saltam evidentes, não posso esconder nada de mim mesma. 

Pois, se no amor e no amante encontrei o espelho para todas as coisas lindas de meu espírito, se durante os dias e noites vi-me refletida em coisas belas e naturezas conhecidas do outro, é certo que em meu irmão vejo tão somente espelhadas a solidão incurável de minha alma, a desolação e o sofrimento familiar que é praticamente impossível de esquecer. As tentativas de melhor entender o que se passa apenas me deixam mais triste, que é quando volto-me novamente para o íntimo de meu ser, em silêncio, sem ter mais nada que fazer sobre isso. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O paraíso do Lula Molusco cheio de pessoas chatas

Já presenciei muitas vezes as pessoas de um modo geral se identificarem com o personagem Lula Molusco do desenho do qual sou fã, Bob Esponja. Ele é aquele adulto mediano que adora ficar em casa, no silêncio do seu narcisismo, metido em suas coisas, odiando a tudo e a todos que porventura atacarem seu mundinho de artes complicadas e livros de futilidades.
Não sei porque as pessoas se identificam com o que eu considero mais detestável num adulto normal. Fora o desejo inocente e até saudável de ficar muito tempo em casa que a maior parte das pessoas têm, esse personagem pratica atitudes odiosas em boa parte dos episódios, na interação com os outros vizinhos da Fenda do Biquini.
Ele é debochado, maldoso em quase todas as ocasiões, fofoqueiro e intrigueiro. É uma 'pessoa' que não se importa com os outros, não tem empatia na maior parte das vezes e quando demonstra algum sentimento, isso só acontece depois de ter vivido alguma situação em que teve que se ferrar para aprender alguma coisa.

Por que as pessoas romantizam esse personagem e se identificam tanto com ele?
Na verdade ele me lembra as pessoas mais insuportáveis que conheci em minha vida: gente que não suporta tua felicidade, pessoas fofoqueiras e imaturas emocionalmente, gente incapaz de ser amigo de verdade pois nunca se interessou de fato pelos outros.
Por que não se identificar com os seus vizinhos, bobos, infantis, porém verdadeiros em seus atos, alegres a maior parte do tempo, com algum entusiasmo pela vida? Ou pela Sandy que é estranha por ser um mamífero na água porém consegue adaptar-se a esse mundo com muita inteligencia e uma capacidade inventora.
Acredito que isto se deve pelo fato de convivemos com pessoas comuns, algumas vezes chatas e insistentes, com todas as características do nosso personagem tocador de clarinete. E muito raramente encontramos alguém que ainda mantenha dentro de si o entusiasmo pela vida, a vontade de fazer amigos e de trabalhar por simples amor ao que se faz.

É realmente legal ser o Lula Molusco? Ser como essa pessoa que precisa estar sempre recluso com medo de perder sua personalidade, alguém que não sabe lidar com o sucesso alheio sem ser tomado pela inveja? Sério que alguém se inspira em um personagem como este? É claro que sim. Este é um desenho basicamente adulto e esse personagem reflete muitos de nossos defeitos e coisas que raramente admitimos sentir.

No episódio "Cidade de Lula Molusco" ele vai para uma cidade onde tudo é como ele sempre sonhou. Uma cidade de seus iguais, onde ele encontra outros de sua espécie com suas manias e começa a viver nessa cidade, fazendo todos os dias as mesmas coisas.
Só que em determinado momento, ele percebe que sente falta daquele caos onde ele vivia, se percebe pensando em como poderia ser legal fazer algo diferente. E então ele será o primeiro habitante da cidade a fazer algo contra a cultura. Ele se torna o Bob Esponja do lugar! Uma espécie de punk destruidor dos costumes, barulhento, pois aquela cidade pacata o ameaça.
Esse é o episódio que mais gosto pois nos mostra o quanto viver fazendo tudo igual nos torna doentes de egoísmo, não nos deixando ver as outras pessoas e admirando elas como elas realmente são.
Ele sente até mesmo saudade do seu vizinho ruidoso, alegre e criança. E isso é seu o toque de 'humanidade', é o que o torna possível de ser alguém melhor.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Metade de meu corpo me ignora completamente

Viver completamente, que grande ilusão. Sou feita de metades que se distanciaram. Minha parte mais pura, a mais verdadeira e talvez a única coisa realmente minha, simplesmente me ignora veementemente. Foi preciso sacar de meu centro essa ruptura, foi preciso ignorar e viver na sombra de uma grande árvore, minha, porém ali, fora de mim.

Esse lugar que me cabe, essa parte que está cada vez mais longe, está inacessível, pois não tenho mais olhos, o coração perdeu-se, sou apenas um corpo vivo, que evita o sofrimento, que também ignora. Um corpo quebrado, um espelho irrefletido, é uma casa sem alma, parece que vivo morta enquanto vivo.

E sei que estou aqui, sei que há essa parte, sei que ela está e até mesmo onde. Mas de nada importa. Há coisas que não são para ser. E ainda não percebi que, recuperar fragmentos talvez seja a sina. Talvez seja o sinal. Por favor, corpo inerte, por que estás assim?

Por que esse descolamento, de certo não quero saber. De certo eu sei, e desconheço. Vou caminhando até a estrada do farol, só para ter a certeza de que esta parte, se porventura se manterá longe, pelo menos que esteja iluminada ainda, pelos sinais.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Espelho de mulher

Há vezes que nos isolamos em nós mesmas, mas existe algo que eu chamo de espelho de mulher. É quando você encontra uma mulher especial, no qual vale a pena se espelhar.
É quando saio desse meu horizonte tão curto, tão finito, e me permito ouvir, perguntar, as respostas parecem que acertam meu coração.

Hoje aconteceu. Não foi nada genial, não foi nada transcendente. Foi comum, foi cotidiano, mas o fato de conversarmos, me deu tanta esperança, me tirou deste mudinho de preocupações bestas e inúteis. Sim, era assim que me sentia. 

Ela me disse coisas muito simples, o tempo não existe, e vale a pena continuar. Não importam os outros, importa o sonho. Assim, não nestas palavras, seguiu o rumo dessa conversa. 

Mudei as palavras, pois escrevo. Escrever também é criar, e não consigo ser "literal" em quase nada. Eu sou literatura em toda a parte. Um pouco de fantasia literária, um pouco de drama, afinal, a vida é minha. As suas palavras, as exatas, estão aqui até agora. As lembro muito bem. 

Citamos exemplos dos sonhos, dos nossos sonhos, citamos o tempo e como ele age. E tudo isso porque arrisquei fazer uma pergunta, uma pergunta que iria expor toda a minha fragilidade. Mas fiz. 




terça-feira, 29 de maio de 2018

Amizade com prazo de validade

Tenho percebido a cada dia que a amizade é algo raro e precioso. Considero que ser amigo é como um investimento que se faz em outra pessoa. Estamos no mundo com outros e a amizade é um laço que se escolhe de bom grado, não somos obrigados a ser amigos de ninguém, a amizade é um presente que se forma entre duas pessoas, de livre vontade, e deve ser preservado, mantido, cuidado, como qualquer outro relacionamento.
Como tenho visto mulheres que investem tanto em um relacionamento com o sexo oposto, por exemplo, mas não conseguem investir nem um pouco do seu tempo em preservar amigos ao seu redor.

Como tenho visto homens que apenas se aproximam do sexo oposto para fins de qualquer coisa que não seja amizade. É o que eu chamo de homem clichê, o que faz exatamente o que todos fazem, mas pensa que só ele faz e que nenhuma mulher percebe o comportamento normótico dele.

Há também pessoas difíceis, muito solitárias, a que a solidão em excesso lhes tirou quase toda a possibilidade de saber como lidar com outros, como ser um bom amigo e manter uma amizade duradoura.
A esse tipo de pessoa, quando as encontro, sempre penso que esta amizade tem prazo de validade. Pois assim como ela age com as pessoas ao redor, expulsando todos de sua volta, da mesma forma irá acontecer comigo, mais cedo ou mais tarde.
Há aqueles amigos que torcem contra sua felicidade. Isso mesmo, já me aconteceu. A pessoa é muito sua amiga enquanto você está sem dinheiro, está sem namorado ou em qualquer outra situação. Ao ver que você melhora, fica melhor consigo mesmo, encontra um companheiro, um bom trabalho, ou alcança boas notas, qualquer dessas coisas, deixa esse "amigo" muito furioso com você.
É porque para muitos é difícil lidar com o sucesso alheio, pois isso coloca o outro em reflexo com o que você mesmo é. Para ver o outro feliz e se sentir feliz assim mesmo, é preciso ter um desprendimento de si mesmo, e isto é o que torna a amizade algo tão especial.
Eu sei que tenho meus defeitos, meus problemas, sei que meus amigos também não são perfeitos, mas estamos aí no mundo e podemos nos dar bem acima de qualquer coisa. E ver o outro feliz e se sentir feliz com isso é algo muito superior, é nobre e denota alguém de bom coração.
A amizade sempre foi um tema de estudo para mim. Algo que sempre levei a sério, tão à sério quanto um casamento (já fui casada) e namoro (já namorei muito em minha vida). Essa coisa que eu levo a sério, a amizade, percebo que na cabeça de muitas pessoas, não há tanta seriedade nesse item.
A amizade é apenas algo que ocorre fortuitamente, se desfaz por qualquer tipo de diferença, até mesmo porque o curso acabou, as aulas terminaram, a época de sair solteira findou.
Não consigo entender por que as pessoas se tratam como coisas utilizáveis, por que não pensam que a amizade é algo que se bem cuidada, pode ser algo bom e duradouro.
O valor de uma amizade vai muito além de ter alguém com quem contar problemas momentâneos, crises de ansiedade, paqueras perdidas ou parceria para sair.
Para quem já vive sozinho, para quem não tem mais familiares, um amigo significa um companheiro com quem conversar, dividir emoções, conhecer novas coisas. Para quem é adolescente, a amizade é praticamente tudo, nos tira daquela ilha que é o núcleo familiar, nos coloca em contato com o mundo.
E para mim, a amizade quando eu era adolescente simplesmente me salvou de muita coisa, as quais prefiro nem mesmo comentar.
Amigos são espelhos, do que temos de bonito, eles nos ajudam a vernos como realmente somos, e muitas vezes o que vemos em nós mesmos pode não ser bom, mas é aos amigos que devemos esta possibilidade. Quem vive fechado em seu mundinho, não enxerga nada. Só vê aquilo que quer ver.
Ser solitário e viver sozinho pode ser muito bom, mas é preciso ter muita inteligência para não se tornar um adulto chato e ranzinza, rançozo com tudo ao redor, porque não é o modo dele de ser.
O contato com outros, por mais difícil que às vezes possa ser, nos coloca em contato conosco mesmo.
E é por isso que entendo quando surge a inveja, o preconceito e a intolerância em algumas pessoas. Elas estão entrando em contato com o que possuem dentro de si. Não podem ver a felicidade dos outros que este lado aflora. A mim só resta uma coisa, agradecer a Deus de me livrar desse tipo de pessoa, que está ao seu lado e torce contra você.
Para descobrir este tipo de pessoa assim como para descobrir qualquer coisa nesta vida: observe o seu comportamento.
Preste bem a atenção em quem sempre tem um inimigo, quem vive falando mal dos outros para você hoje, amanhã fará a mesma coisa quando chegar a sua vez. Olhe com cautela para quem vive metido em fofocas e se aproxima de você sem mesmo perguntar se estás bem, mas para sacar algum tipo de informação. Quando você não for mais útil, não estiver mais na moda ou quando qualquer crise aparecer, não se preocupe que chegará a sua vez de ser o alvo.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Beautiful land

Acordar cedo, que tortura fascinante, que algo impossível de ser feito em qualquer momento da vida, nunca estou preparado, nem sei se preciso tanto desse feito.
Hoje por fim, acordei de um sonho. Acordei e aquela névoa se manteve sobre o quarto e as janelas. E me perguntei risonho, por que diabos sonho de maneira tão real. E por que dessa vez acordo tão cedo, com a sensação de ainda estar lá, no lugar em que nunca mais irei voltar.
Móveis, objetos, aconchego, a luz obtusa de uma janela distante. O quarto, também, o quarto triste, de um lugar que não mais existe, num espaço que apenas cabe nos metros quadrados de um sonho. Uma cena que apenas eu posso entender.
Um espírito desgraçado, que perdeu qualquer chance de voltar à sua terra natal.

Todos os domingos

Uma vez me disseram que os domingos eram dias sofríveis para as pessoas, pois elas cultivavam a angústia da segunda feira. Aquele último dia de descanso antes de começar tudo outra vez, seja lá o que significa esse tudo, em termos de peso e importância em nossas vidas.
Muitas coisas acontecem exatamente no domingo. Neste último foi dia das mães, foi dia de terminar relacionamento, de trazer sacolas de coisas para a casa, de achar que o dia era triste por si só, já que simbolizam tantas perdas de uma vez.

Acostuma-se com silêncio das ruas, poucas pessoas se atrevem a sair de casa. Moro em uma avenida muito movimentada, exceto pelo domingo, neste dia, ela é um deserto, ou quase isso. A janela é como a TV, onde é transmitido o silêncio da praça, a graça das árvores, as aves cultivando suas coisas, uma xícara de café no parapeito da janela, um vizinho na sacada da frente, tudo aqui é paz.
O amor à paz, ao silêncio e ao ficar em casa é o que tornam estes domingos mais acolhedores. E o trabalho, e o estudo, fazem dele apenas mais um dia. É mais um dia em que se arruma a casa, se faz café, se escreve, se escreve, e assim se passa, com a janela como TV.

Bob

Lembra do beijo no nariz? Era um focinho com marca de batom e era tão doce essa imagem que dava vontade de morder.
Sempre que ele bebia água ficava com uma gota na ponta do nariz. Era o seu jeito, tão felino, altivo e amigo.
Seu nariz era uma espécie de sinalização, tocava em mim para dizer: estou aqui e te gosto.
Nunca precisei de um filho para ter instinto materno. Nesse ser eu via uma companhia nessa vida. E que saudade de você Bob.

 

domingo, 20 de maio de 2018

A angústia da saudade

É uma morte mínima, uma desolação, é como se o outro estivesse morto, e a minha vontade também. Correr contra esse sentimento, lutar por preservar o pouco que sobrou. É o que a razão ordena, mas por onde começo essa limpeza?


Sonambular

Eu fujo da dor e do amor, todas as horas do dia
Mas o amor e a dor são irmãos
um menino e uma menina,
 estão de mãos dadas, 
e me perseguem lá, 
nos sonhos, onde não posso me defender.

Eu gostava de homens muito altos.
Quando encontrava um homem muito alto caminhado pela rua, 
sentia vontade de andar ao seu lado, por alguns instantes 
(como uma criança que pensa: "hoje eu andei ao lado de um grande homem")

Não entendo porquê temos essas particularidades, que mudam conforme o tempo e a época, a vivência.
Deve ser pelo fato de que meu modelo romântico sempre foi
O amor platônico do Professor Girafales (com as rosas e o charuto, claro) e a Dona Florinda. 

É fácil caminhar ao lado de um estranho.
E manter o segredo, tão preso e guardado.
É a sina de ser transeunte e viver caminhando em um mundo de estranhos.




sexta-feira, 11 de maio de 2018

Uma semana de cada vez

Viver o presente, um dia de cada vez, não ter ansiedade e não esperar nada. Como seria fácil se não fosse eu. Minha vida se divide em semanas, em que sigo tentando acertar o meu ritmo com o do mundo. E confesso que vou perdendo... As coisas vão rápido demais, não consigo acompanhar. Se eu não sentisse essa sensação que me assola pela manhã, essa pena da vida, essa vontade de desaparecer, que segue pelo dia até que há um momento em que acaba, talvez eu pudesse fazer muito mais do que faço, talvez fosse a pessoa de sucesso que esperam que eu seja - e não sou.

O meu sucesso é conseguir ser eu mesma. A minha vitória é conquistar uma semana. É conseguir ir a todas as aulas sem perder o ânimo, é conquistar as pessoas pelo que eu sou e não pelas coisas que ostento em meu currículo, corpo ou casa, como se eu fosse uma árvore de natal cheio de adornos desejáveis.
Eu não sou essa árvore. Sou apenas alguém que não precisa de muito para ser feliz. O meu muito é pouco para a maioria. Sou feliz em ver minha casa, sou realizada em estar bem e em paz. Não quero nenhum título, não quero ser nada mais do que penso que sou. Não preciso de um status de relacionamento, não preciso fazer o que todo mundo faz. Eu só quero ler meus livros e viajar quando puder.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

O livro roubado

A Caverna é o livro que iniciou minha paixão pela literatura de José Saramago, e ela tem uma longa história. Vou contar porque é bonita.

A Caverna, como começou
Logo que meu pai morreu eu sonhei com ele. Nesse sonho meu pai me disse para ler um livro do José Saramago e então quando acordei, procurei descobrir quem era esse escritor.
Ao falar com uma amiga, ela me emprestou A caverna, e eu comecei a ler. Porém na época, como era de se esperar, não consegui me concentrar em seu modo de leitura. Saramago tem um jeito peculiar de escrever, misturados a gírias, expressões portuguesas, modos e estilos. É um tipo de texto que é necessário atenção para que seja compreendido em plenitude.
Pois bem, desisti. Mas, logo pensei que não deveria desistir do escritor, pois sonhei, e levo meus sonhos à sério.

Comecei a leitura de outros livros, o primeiro é o Memorial do Convento e daí se seguiu História do Cerco de Lisboa, Todos os Nomes, Ensaio Sobre a Cegueira, entre outros... Montei minha biblioteca com alguns de seus livros, o melhor, até hoje? O Evangelho Segundo Jesus Cristo.
No ano passado fui visitar uma linda praia e fiquei hospedada em uma casa que ficava na beira do mar.
Nesta casa havia uma biblioteca abandonada, os livros jogados de qualquer maneira, a leitora não residia na casa, e os atuais residentes descuidavam desse espaço.
Tenho essa mania de querer ver as coisas em ordem. Tenho esse espírito virginiano de achar que, em melhorando o espaço, as coisas todas se ordenam. Pois fui organizar os livros, desempoeirá-los, colocar todos em uma ordem, a minha.
Quando percebi, havia muitos livros do Saramago, e entre eles, A Caverna.
Era o livro simbólico, por onde tudo começou. Decidi começar sua leitura.
Nos braços do meu então companheiro, bastava eu olhar pela janela que ali estaria o mar. E então, muitas lágrimas caíram pois o livro era outro! Não era o mesmo livro de difícil leitura de muitos anos atrás. Era sim, uma literatura que queria me dizer algo. Assim eu supunha, pois havia sonhado com o escritor, e procurei saber o que este livro tem a me dizer.
Como tenho essa tendência a deixar as coisas pela metade, larguei o livro de mão logo e voltei para a vida na capital .
Mas o livro veio junto comigo e ficou ali à espera de sua leitura. Prometi para mim que o devolveria após sua leitura, mas sinceramente, não sei como irei fazer isso. Um dos motivos é que ainda não o terminei.
Por incrível que pareça, o livro ainda está sendo lido. E, na época de sua partida da estante, jamais imaginaria que um dia estaria cursando Letras na federal, que estaria cursando a faculdade para a qual talvez (talvez) eu tenha sido destinada e que hoje é como um alívio para meu mundo.
Quando escolhi fazer a cadeira Estudos de José Saramago, percebi que uma das leituras obrigatórias é este livro. E estou em plena leitura, faltando apenas algumas páginas para seu final.
Agora, minha visão sobre seu significado é completamente outro. E a curtição é muito maior.

A História

O livro conta a história de um pai e uma filha. Ele é um oleiro e tem uma filha, um genro e logo encontra um cão. A filha neste ponto do livro está grávida. O conflito acontece em torno do Centro Comercial, que é um espaço que praticamente o obriga a questionar seu modo de vida, pois sua profissão agora se torna obsoleta. As pessoas trocaram os utensílios de barro pelos objetos plásticos e descartáveis.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Por que não acordei antes?

Eu tentei tanto, mas, quanto mais me dedicava, mais era insuficiente. Eu aprendi com a vida, mas parece que sempre é algo novo.
Não consigo mais escrever, pois as palavras me parecem poucas, não encontro as certas.
Por que eu me dediquei tanto e hoje estou aqui sozinha?
Sofrendo as mesmas coisas, passando pelas mesmas dores. Por que nunca sou suficiente, não importa o que eu faça?

Se eu implorei para que ficasse, foi por que eu sabia que as coisas não são eternas e eu queria fazer com que isso durasse, pois eu amava e me dedicava àquela relação.
E numa madrugada eu vi uma foto, de uma moça num quarto cheio de livros abertos. Essa foto me levou a um tempo muito longe daqui, em que eu ficava acordada até tarde, lendo trechos de livros, como quando estava com um amigo, que me tirava daquela ilha solitária em que eu vivia. Como na época em que eu não sabia o que era ter um abraço, ter um irmão, ter uma família de verdade. Voltei tão longe no tempo, que parece que aquilo tudo era apenas um sinal, a fotografia, a memória distante, a morte das coisas por causa do tempo. Só eu preservo, só eu lembro, só.


terça-feira, 10 de abril de 2018

Leitura para a cadeira Estudos de José Saramago - O ano da morte de Ricardo Reis

Estou cursando a cadeira Estudos de José Saramago e uma das leituras que estou fazendo é o livro O ano da morte de Ricardo Reis, ainda estou nas primeiras cem páginas.
A história inicia com Ricardo Reis chegando a Portugal de navio, se instalando num hotel, voltando à cidade depois de 16 anos vivendo no Brasil.
A vida no hotel é contada pelo ponto de vista desse homem solitário que passeia pelas ruas de Lisboa, sempre num tom sombrio e soturno, a chuva que não dá trégua, as multidões, e tudo isso visto de um ponto de vista da solidão de um hóspede do hotel.
A história vai indo e no começo não é deixado claro que esse Ricardo Reis é o mesmo pseudônimo de Fernando Pessoa, mas o autor vai nos preparando para as múltiplas personalidades do personagem, que assim é como o poeta. E neste mesmo ano em que Ricardo Rei retorna à Portugal, ele recebe a notícia de que o poeta Fernando Pessoa morreu e vai ao cemitério ver o túmulo do poeta.
Essa parte, a descrição dos corredores do cemitério e a forma do personagem encontrar o poeta foi sublime. As reflexões sobre a morte e sobre o quanto é breve a vida e as palavras usadas no livro são simplesmente perfeitas, a cada instante renovando ainda mais a minha admiração pelo escritor.
É um livro sobre a perspectiva poética, sobre a vida dos escritores e pessoas sensíveis, e sobretudo, é um livro sobre a solidão de cada um.
O contexto histórico se passa aos idos de 1934, na ditadura de Salazar, o personagem fugindo do Brasil, onde acontecia a Intentona comunista em 1935.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Crise da BAD, que porre!

A brisa entra pelo quarto... é o vento das lápides, ali na frente há um cemitério. Como eles vivem lá, tão quietos, às vezes penso.
A tristeza vem batendo, não sou o que queria ser. Não sou o que esperam de mim, eu não sei mais quem sou.
No quarto, aquela janela tão ampla, onde a lua vem pela madrugada e o sol me incomoda de manhã, é neste quarto que sou apenas eu.
Não tenho o corpo perfeito que desejaria, não tenho o corpo definido como alguns preferem definir, mal sei qual é minha aparência neste momento. Eu só lembro da brisa que vem lá detrás da árvores do camposanto. Aquela brisa que traz memórias tão antigas, vão imprimindo em minha mente algumas tão singelas: as flores novinhas que se abrem pela manhã, as rosas fortes e viçosas que se tornam presentes para alguém, o vento do mar, o abraço daquele que amo, esse abraço quase entrou em meu quarto, é como se ele estivesse aqui.
As cores, tons de azul e por do sol, entravam em minha mente como fotografia.

As pessoas exigem a mulher perfeita, completa, a que faz tudo no tempo certo, a mulher independente, mas nem tanto. É isso o que todos querem, mas o que eu quero?
Passei minha vida inteira sem saber ao certo como responder a essa pergunta. E, agora, mais do que nunca, há uma certa pressa em minha mente. Eu preciso saber. Mas não por mim. A sociedade me cobra. Preciso saber, quais das possibilidades de mulheres incríveis eu sou.
Eu não poderei ter a escolha de não ser nada, de ser apenas a adolescente que sempre fui, a criança que ainda não se curou das suas feridas, a mulher que pensa diferente e não está nem aí.
Mas eu sinceramente gostaria de espaço, mais tempo, mais consideração, para ser e fazer só o que eu posso, só o que eu quero e que tudo seja ao meu tempo. Que tudo seja conforme minha capacidade. Não sou um gênio, não sou uma mulher maravilha, não quero ser nada.
Só gostaria de ter um pouco dessa paz. A paz de não buscar o impossível.

Quando eu era adolescente, achava que tendo minha casa, tendo minha faculdade e fazendo por mim mesma seria o suficiente.
Pois hoje, tenho minha casa, sou formada e estou na minha segunda faculdade, e parece que para muitos, nunca está bom.

Querem sempre te comparar com "o melhor" na opinião deles, a mulher ideal meus caros, é uma fantasia macabra e simplesmente não existe.
É algo que nos colocam como ideal, é o mito da beleza de Naomi Wolf, é um espantalho que fica em nossas janelas, nos assombrando através de cada pequena conquista nossa.
Por favor, me deixem ser eu mesma. Permita-me saber o que é meu e o que é dos outros, eu só preciso saber que tenho defeitos e está tudo bem não ser tudo, não ser como as outras, pois eu sou eu.

Amanhecendo com o nascer do sol

Todos os dias é um tormento o não dormir. Me recuso a deixar o sono vencer.
A vida, é tão rara para mim, cada minuto importa. Mesmo um tempo gasto em nada, mesmo aquele no silêncio.

Desde criança eu tenho medo de dormir. O sono leva embora a possibilidade da lucidez, e de meu apego à vida, a esta vida mais concreta.

Eu mergulho na sombra dos sonhos, encontro fantasmas, criaturas da minha psique, lendas e coisas que li a muito tempo. Esse paraíso raramente é confortante. No mais das vezes são coisas que preciso viver, e que minha vida de vigília não permite.

Já tentei escrever poesia com as histórias noturnas, mas elas mostram coisas demais. Não é possível escrever sobre algo tão nude, não é possível vencer essa barreira das coisas implícitas e claras dentro da mente.

A variação dos sentimentos, as coisas antigas tão profundas, e essa vontade de morrer, só para ter certeza de que, o que se vê nos sonhos, realmente existe em algum lugar.

Meu medo de dormir, é como um medo de dar um passo em frente ao abismo da morte. Aquilo é vida, porém não o sei. Estou a viver coisas tão insólitas, tão implausíveis, tão profundas na minha mente. Uma pena porém, que os protagonistas nada saibam, sequer existam neste mundo terreno, apenas estão ali, segundo meus desejos, assim acho.

É uma pena que os protagonistas jamais saibam que fazem parte das minhas premonições, dos meus medos e das coisas que cercam a aura do tempo noturno.
Contar um sonho é uma atividade frustrante, pois nunca podemos descrever as cenas que vimos, nunca haverá detalhes perfeitos, só os fragmentos. A mente nos obriga a esconder e creio que ela tenha lá suas razões.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A sublimação do amor no romance Sra Dalloway

Sempre adorei aquele filme As Horas, que conta um pouco da história da escritora Virgínia Woolf e de suas personagens, porém nunca havia lido nenhum livro dessa escritora.
Agora que tenho acesso a uma das bibliotecas mais incríveis que já pude conhecer, as bibliotecas da UFRGS, pensei por que não começar a ler algum livro dessa mulher?
Comecei com o livro que inspira o filme. E me surpreendi muito pois as histórias não tem muita ligação, livro e filme neste caso, só se ligam através das horas. O resto corre por si mesmo.

Em Sra Dalloway há uma sublimação do amor. Através do tempo, através dos pensamentos, o amor vai se definindo e se transformando. O que só confirmou minhas suspeitas sobre o ato de amar.
Por experiência própria, sei que o amor jamais morre. Tudo passa, qualquer sentimento, seja ele raiva, atração, admiração, mesmo os mais fortes arroubos, com o tempo passam, terminam, mas o amor nunca passa.

Foi o que se passou nos pensamentos de dois amantes que, embora tenham partido, vivido cada um suas vidas e mesmo indo ao outro ponto do mundo, o amor esteve o tempo todo ali, na força da memória, na intensidade das lembranças e no poder da constatação de que nada é como o amor sentido. Nenhum sentimento se compara ao amor.

Fiz o juramento de que se um dia eu sentisse amor mais uma vez, jamais teria um dia sequer de mau humor em minha vida.
O amor quando é sublimado, transforma-se a cada dia, ao mesmo tempo que se mantém intacto, no espaço profundo da alma. O sentimento está vivo, no alto da torre, à espera de nada, à sombra do mundo, este mundo seco e sem sentido.

No caso dos personagens, eles pensam muito, e sentem através das memórias. É muito alegre a forma como o livro termina, e o seu fim para mim significa o ponto alto do amor. É essa alegria que te move a vida, que tem uma razão de ser, mesmo que não saibamos exatamente qual é.
Como o livro foi muito marcante, demorei para terminar a leitura. Eu tenho esse defeito. Quando algo é muito perfeito eu fico longe, pois tenho medo de ver o final. Mas o final deste livro foi melhor do que eu poderia esperar.
No filme me identifiquei completamente com a escritora. E o que eu continuo pensando é que neste caso, pelo menos, o filme é melhor do que o livro. A minha próxima leitura dessa escritora será Rumo ao Farol.



segunda-feira, 27 de novembro de 2017

a torre frágil

em frente ao espelho, no corredor do meu apartamento, está meu corpo a conferir se tudo está bem.
é essa a imagem que eu levo para a rua, mas há ainda mais, o que não passa pela minha visão.

à noite madrugada, acordo com a janela aberta, a lua no mais perfeito visual, coloco meus pés no chão.
estou sonhando, vou até meu espelho, e a imagem abre-se.

é tão sério, em tons escuros, a pele branca exposta, a alma muda. nada me diz, e eu nada quero saber.

está ali todo o tempo, eu juro que não sinto, juro também que não o percebo, ao longo dos dias e dias...
Matei muitas coisas ao meu redor na esperança de tirar essa coisa, entalhada na pedra fria que é meu coração.

passa por mim Desconhecido, eu atravesso a rua para evitar cruzar com aquele olhar
que sequer me verá.
nunca verá, pois também não sei mais ver.

fecho os olhos, converso outros assuntos, o sangue por dentro corre, corre a timidez, cai um véu sobre o tempo.

esse tempo que pesa sobre o ar, e pára precisamente agora. ao som de passos, firme decisão.
a manhã fria, não sou eu - são as plantas, as flores, o abismo.
o som dos passos, o som....o som......que sim, tem nome.
corro para o espelho, hoje algo que apenas quebra, a vida que está aqui.

inseparável da dor, está a autossuficiência, a busca por isolar-me, a noite como o mais alto milagre, de estar só, com o reflexo.


terça-feira, 1 de agosto de 2017

Las manos de mi madre


Las manos de mi madre
parecen pajaros en el aire
historias de cocina
entre sus alas heridas
de hambre.

Las manos de mi madre
saben que ocurre
por las mañanas
cuando amasa la vida
hornos de barro
pan de esperanza.



Las manos de mi madre
llegan al patio desde temprano
todo se vuelve fiesta
cuando ellas vuelan
junto a otros pajaros
junto a los pajaros
que aman la vida
y la construyen con los trabajos
arde la leña, harina y barro
lo cotidiano
se vuelve magico.


Las manos de mi madre
me representan un cielo abierto
y un recuerdo añorado
trapos calientes en los inviernos

Isso que ela tá pendurando no varal é massa para fazer macarrão em casa...



Ellas se brindan calidas
nobles, sinceras, limpias de todo
¿como seran las manos
del que las mueve
gracias al odio?


Mercedes Sosa



domingo, 16 de julho de 2017

A coragem

Agora é que está passando... Levantei da cama e fui direto ao banho... a água quente, muito quente, foi levando embora a dor.
Lembrei das palavras da amiga... "A primeira que deve te amar é tu mesma", enquanto lavava meus cabelos, e tentava saber como estava meu corpo, sentindo-me morta, apenas lembrando da vida, por causa da dor.
Dor é um sinal de vida, isso eu sei.

Há alguns meses venho buscando saber coisas sobre mim. O que eu sinto realmente, o que é influência externa, ou interna, mas que não é tão real assim.
Há coisas irreais em mim, preciso descobrí-las para abandoná-las, urgentemente, sob pena de continuar não sendo autêntica, enganando a mim mesma e até mesmo a outros...
Ficar aqui me possibilita isso. Deixar-me um pouco, esquecer os pensamentos, fixar-me no presente. Olhar pela janela a rua, a chuva e o vento fulminante, minhas plantas. Vou conferir se não caíram. Não podem cair, mesmo com o vento forte, me recuso a tirar-lhes da potência da tormenta....

Estudar, ouvir as gravações, a voz da professora recitando poemas, eu busco-os no livro do poeta que mais adoro. Como é perfeito seu modo de escrever. Ao ler seus versos não sinto-me tão só nos sentimentos. Identifico-me com tempos que não existem mais, com coisas que não estão mais ao meu alcance, pois agora, apenas restou este coração que apenas observa, e que pouco consegue sentir.

Uma criança disse no filme de 1961: "Como é triste quando alguém não tem tempo para você".
Vivemos ao longo da vida buscando confirmar se quem amamos nos pode doar seu tempo. Ao amor eu doei praticamente minha vida, e não me arrependo nenhum dia sequer.

Agora, como sempre, ainda não desejo mais saber, me fere o não, do mesmo modo que me fere o sim. Vou me recolher a esta não-vida que escolhi.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Onde mora minha alma

Todas as noites tenho sonhado com minha mãe. Estou na casa dela, e peço que ela fique uns dias comigo. Ela está tão viva e me diz que sim, irá ficar. E decerto ficará. Mas quando acordo, um desespero me atinge, ao lembrar que vivi em outra realidade, e nesta, ela está morta.
No portão da casa às vezes aparece meu amado de tantas eras. O rosto como de um cadáver, o aspecto de um morto, as mãos brancas e um silêncio que eu entendo. O coração batendo forte. Meus cabelos estão compridos, exatamente como estão agora, porém, nesta realidade, não há nada naquele portão, e o coração que pulsa é somente meu.

Esta casa que aparece em meus sonhos apenas me atormenta, é um lugar onde minha alma às vezes se aprisiona, de onde não consigo sair devido à saudade, à dor, à lembrança. Quero muito vê-la, quero desesperadamente sentí-la perto de mim, sei que isto não me é permitido, mas eu imploro à morte por favor, deixe-me ver minha mãe.
Mas eu tenho meu lar e meu templo. E hoje vou contar como ele é.
Moro em uma casa com janelas muito grandes. Minha vista é para onde nasce a lua. Bem em frente está um cemitério e suas árvores, todas aparentemente imóveis e silentes. Vejo essa paisagem todos os dias, foi por isso que escolhi morar aqui.
No outro oposto da casa é onde o Sol termina. A janela da minha sala recebe todos os dias as cores vermelhas, rosas e roxas do por do sol. E nas madrugadas é por ali que acompanho a trajetória da lua...
Aqui tem uma energia bonita, a minha paz e a paz da casa. As duas juntas formam um lugar onde eu adoro ficar.

A calma da casa é complementar ao ruído da rua. A combinação destas duas estão em perfeita ordem em minha vida. Eu adoro esta rua, eu idolatro minha casa. É uma rua simples, é uma casa antiga. As duas tem aspectos de mim mesma, por isso as amo.
A cozinha é unida à àrea de serviço. Arranquei a porta que as separava. Quero espaço! Tem ali outra janela, para o mesmo sol que eu sinto no entardecer.
O banheiro é ao lado do quarto, é grande e claro. E está cheio de livros, minha amiga me diz: esta casa está ficando a tua cara.
Há livros também na cozinha, na sala e principalmente no quarto, onde está provisoriamente minha biblioteca maior.

Na minha sala existe um painel na parede. É a ilustração de um parque com muitas árvores e um lago. Sempre quis ter esse tipo de painel na minha sala e, por 'coincidências' da vida, aí ele está.

Aqui passo os meus dias, mais precisamente os finais de tarde, as noites e também alguns fins de semanas...
Procuro não misturar a tristeza que se aproxima de mim em certos dias, ao aconchego de minha casa. Ao entrar aqui, procuro deixar lá fora minhas lástimas, porém nem sempre é possível, ao adormercer meus sonhos me despertam, e acordo todos os dias às três da manhã, com a memória forte de um desses sonhos... Eis a nova fase de minha vida, estranha e feliz. Estou simplesmente sendo eu, por fim!




terça-feira, 4 de julho de 2017

Encontrar as palavras certas

Estou cursando a faculdade de Letras, quase domino um novo idioma, porém, como é difícil comunicar-me. Escrever, é fácil, ser lido, do mesmo modo também é. Mas, na comunicação individual, onde reina o sentimento, minhas palavras são parcas, eu não consigo me expressar.
Nasci com o dom da escrita, eu sei. Sempre foi tão fácil organizar as palavras, quanto pensar, ou respirar. Sempre foi tão perfeito ler, entender e simplesmente amar o lido. Porém, diante do amor, as palavras são insuficientes, os idiomas não valem para nada, eu fico muda.

Escrevi uma carta de amor, mas, por ser de amor, ainda tenho minhas dúvidas se disse tudo o que deveria dizer. Ou se escrevi demais, ou se não falei o essencial.
Para falar dos sentimentos nunca fui boa.

Diante de minha mãe morta, não consegui dizer-lhe que a amava.
Diante do amado, nenhuma palavra jamais saiu. Eu só sabia escrever, cometer torpezas, falar com os gestos, fugir como uma condenada, de um sentimento que me arrebatava.

Eu tenho consciência de que esta vida é curta, e perco meus dias por nada dizer. Perco minhas horas por estar aqui, em minha auto suficiência de escritora, em apenas escrever o contrário do que sinto. Se estou tão viva, citarei a morte, se estou tão feliz, citarei a melancolia.

E, de metáforas tortas, vou fazendo, além da escrita, minha vida.




segunda-feira, 3 de julho de 2017

Visita à minha mãe

Sempre vejo em meus sonhos, a casa da minha mãe, dessa vez sem ruínas, pintada de branco, com as janelas marrons, e uma névoa silenciando o ambiente.
Eu fazendo promessas de visitá-la mais vezes, dormir naquela casa. Um lugar que só existe hoje em minha mente.


E lá, no sonho, ela estava tão viva, tão minha, tão profundamente real. Sentia imenso desejo de ficar ali com ela, só para conversar.

Suas coisas, seus pertences, quase nada existe mais. Seu corpo se foi morto, frio e roxo como todos os cadáveres... Ela deixou esse mundo, mas não deixa meus pensamentos. Todos os dias nesta casa, eu a encontro. A casa branca, as rosas no jardim, as roupas que eram dela, tudo o que foi de minha mãe.

Naquela casa, que hoje desaba sobre minha alma, há a memória do meu pai, há a trajetória do meu irmão. Eu também estou lá, de certa forma, naquele quarto solitário, naquela solidão que conheço tão bem, mas que hoje dói bem mais.

A morte corta tudo, nos tira tudo, só tenho algumas fotos, algumas roupas, um espelho, um perfume, e a lembrança da vida e da morte no seu corpo, que um dia me criou.

Eu nasci, daquela que hoje é simplesmente um nome em um túmulo. Eu era parte dela, e hoje carrego suas características dentro de mim. Minha mãe: agora me acho parecida contigo, na doçura e na teimosia, na tristeza, na desesperança, na alegria de viver, no cuidado com o outro.

Eu me abandonei algumas vezes, como você fez certa vez, eu desisti de algumas coisas, como você também desistiu, hoje me reflexo em seu olhar, pois sei tanto o que você passou. Eu luto todos os dias para orgulhar-te, eu escrevo estas linhas, para que possas ler... aí em algum lugar onde estejas.

Mãe, se leres isso, estou no melhor momento de minha vida. Estou percebendo as coisas que são realmente minhas, as que devo deixar para trás, e o que eu penso realmente, que não é influência de outros.
Só o que não muda são os sonhos, em que vou te visitar, aquela casa perturbadora, aquela saudade do que nunca mais será.

sábado, 24 de junho de 2017

Não consigo ficar sozinha!

Apesar de adorar a solidão, eu não consigo estar sozinha. Será que sou anormal?

Adoro minha casa, adoro meu ser, minhas poesias, meu universo interior.  Mas até mesmo lá dentro há alguém, mesmo um fantasma...que não sou eu.

A companhia que se instalou aqui é quase um espírito amado, que tão entrelaçado em mim está, que já não sei o que sou eu, e o que são aquelas palavras antigas, as marcas impregnadas.

Mas essa minha mania de emendar uma história na outra, quando irá acabar? Quando me dedicarei a alguém, da mesma forma que dedico ao meu fantasma os meus poemas?

Não é culpa só minha, amar não é para qualquer um. E eu que sei bem como é o amor, não vou ficar aqui parada, no vazio dos dias... eu vou sim é viver, desse jeito torto, o que há pra fazer.
Ser doce e carinhosa é a melhor coisa que existe. Nunca me furtarei a isso.

Desde que me separei (antes também era assim) minha vida tem sido um relacionamento logo após outro, sem sequer um dia para respirar. Não consigo ficar só, alguns dias....eu emendo mesmo. Não consigo parar.

Ás vezes eu acho que isso é apenas um alimento para a vaidade. Ter o olhar de alguém em sua direção, alguém que pensa em você, mesmo que você nem esteja tão envolvida assim. Ter companhia para conversar todos os dias, um cara que te liga, num mundo em que ninguém se importa.

Isso eu poderia ter com amigos? Sim, mas não da mesma forma. Amigos eu tenho poucos e não gosto de incomodá-los com minhas carências. E eu adoro conquistar, ser conquistada.
A amizade é uma outra forma de conquista, tão bela, mas que para mim é muito mais sagrada.

Outras vezes eu penso que apenas amadureci e encarei esta verdade sobre mim: sou assim, sempre serei. Não acho interessante o que todos dizem "devemos ter um tempo para si mesmos e só depois nos relacionarmos outra vez". Por quê?

Me conheço o suficiente para não precisar me isolar de ninguém. Sei sobre mim o tanto que preciso, até este ponto, para não precisar me afastar de nada. As confusões sobre mim e sobre meus sentimentos, nada tem a ver com os outros, com a proximidade ou distância. Eu tenho dificuldades para amar sim, mas eu tento, tento muito.

Por que não posso aprender sobre quem eu sou através de outra pessoa? O aprendizado, afinal, é meu apenas. Não necessito tanto assim do outro, ou tanto assim da solidão. Juntos aprendemos muito mais a conviver, a ter paciência, a ser feliz mesmo com os pequenos defeitos de cada um. (E as diferenças!)

O outro pode ser um espelho para meu reflexo, mas também posso vê-lo, através dessa imagem.
Eu levei muito tempo para reconhecer na imagem que vejo no espelho, o amor de toda minha vida. Essa conquista é minha e de mais ninguém.

Já fiz a experiência, já fui muito solitária em determinado período, minha infância. E, por ser muito jovem, nada aprendi, nada acrescentou em mim não ter nada, viver em um deserto. Dali em diante, eu segui com aquilo que colhi, em todas as pessoas que nutri algum afeto. E tenho certeza de que nelas deixei, um pouco do amor que senti, tão fragmentado, mas completamente sincero.




segunda-feira, 19 de junho de 2017

Viva na vida - morta no Face

Eu tive dois perfis no Facebook, um deles, cheio de amigos... mais de 4000. O perfil mais novo, era fechado. Os dois morreram hoje.
Explico. Na minha vida, as coisas vão acontencendo, meio bagunçadas, vou deixando-as ali, elas se ajeitam, mas tem uma hora que chega! Preciso zerar a vida, começar de novo ou dar um tempo... Ou nada disso. Conforme...

O Facebook foi já motivo de brigas no meu primeiro casamento e foi alvo também no meu namoro... Claro, será mais fácil culpar a rede social do que as minhas atitudes, porém o Face não é de todo inocente. Nos últimos tempos andava me sentindo angustiada, pois além de trabalhar com redes sociais, ainda tinha que manter minhas redes quando saía do trabalho. Eu estava vivendo a virtualidade, estava reativa a tudo, ausente das minhas vontades profundas, apenas na superfície do sim ou não (curtir, compartilhar, reagir).
Dessa energia passo longe....

Depois que comprei meu smartphone, minha atenção caiu drasticamente. Meu nível de leitura baixou quase a zero. E olha que mesmo assim consegui ler alguns livros, apenas porque amo ler. Quando me mudei para minha casinha, decidi ler mais, oficialmente, devorar os livros. Deu certo. Porém, quando baixa a bad, a leitura passa longe... começo a divagar nas redes, só ver a vida perfeita das pessoas, as fotos bem batidas, as comidas maravilhosas, as briguinhas tolas que não levam a nada, a problematização tosca, que é quase uma característica desse tipo de rede.... isso encheu o saco. Não aguento mais! Para tudo é um piti....

A última foi gente problematizando os temperos da comida vegana. Sério meu, parece que essa galera não transa, não tem espírito alegre, descontraído. Não tem. Pois na rede, é impossível não reagir. É quase falta de educação.

O Facebook é um lugar onde você apenas fala. Não é necessário escutar, não precisa entender o outro, não precisa nem haver outro. É apenas aquela massa amorfa que aprova ou desaprova o que você posta. Não é necessário entender profundamente, as coisas passam por você. E nessa onda, as pessoas começam a achar que tudo é assim, e começam a tratar a si mesmas e aos outros como coisas, como postagens, como objetos que só valem durante certo instante.

Depois que comecei a fazer selfies, foi talvez a primeira vez que comecei a questionar negativamente meu rosto, a achar defeitos, a comparar com sei lá o quê.
Essa busca de aceitação não existe apenas por que existe a Internet. Ela existe, está latente. Mas isso não significa que eu tenho que alimentar essa nocividade. Não tenho que alimentar posts de pessoas que nem conheço, não tenho que provar nada para ninguém, eu agora, quero apenas ser eu.
Não sei direito, não sei mais o que sou. E isso, na verdade está sendo bom. Agora vou descobrir, a sério, e com confiança.

Agora, eu quero falar com as pessoas que realmente gostam de mim. Quero pegar o número e ligar, quero sair para passear, quando houver tempo, quero tê-las no meu Whats, mas sem grilo, apenas as pessoas que importam, e que se importam.
Agora, quando estiver com quem eu amo, estarei apenas com ele. Não me importa que as pessoas ao meu redor usem o celular, desde que não deixem de estar comigo, presente naquele momento.
Sei que talvez as visitas no meu blog irão diminuir, mas neste momento, nao importa mais a quantidade. Eu quero apenas ler com minha cabeça, ter minha própria opinião, pensar bem antes de 'reagir', eu quero viver!


PS. Tive muitas coisas boas por lá, outra hora conto... Duas das minhas melhores amigas conheci no Face, então nem tudo está perdido... e esse é apenas um texto... até a próxima...<3 p="">




Ansiedade e sentimento de urgência - tentando voltar a ser viva

Como seria bom viver sem depender das reações alheias, ser dona de mim mesma.
Nos últimos dias, estou reconhecendo o quanto é difícil e o quanto fiz as mesmas coisas minha vida inteira.
Eu me apeguei a um conceito aprendido na minha adolescência, eu me liguei às sombras, pois a morte era mais confortável do que a vida que eu levava. Eu entrei no período romântico, na idade das trevas da minha mente, eu fiz o que achei poético, o que salvava minha alma dos dias reais.
Me apeguei a isso, sem nunca mudar, sem nunca pensar de outro modo.

2017, ano de profundas mudanças na minha vida.

Os estímulos são muitos, aquela necessidade de ter uma resposta, de ter uma opinião, de ser/estar sempre presente, o modo de ser rede-social... a espera de respostas rápidas, o pedido de amizade, o controle sobre tudo, até tudo se perder...

Eu me perdi. Me envolvi tanto na vida de quem eu amo, mas eu me perdi. E amar apenas, sem ter um centro em si mesma, é triste, pois não estou mais em mim.

Quando fiz terapia, naqueles anos lá, anteriores a estas coisas, aprendi a reconhecer quando começam os ciclos de vai e vem na minha vida, a desesperança, a tristeza, depois os dias alegres e a sensação de que nada é para sempre... Aproveitar os dias bons e ignorar os dias ruins. Mas às vezes, nem isso, tem dias que nada funciona. Estes dias, por exemplo....

Ontem eu tive febre, uma febre que é um sintoma... de quem se perdeu já a muito. Eu apenas queria ter quem amo ao meu lado. E ele veio, desceu do carro, subiu comigo... e quando eu estava na cama, meio ruim, com aquele frio, observava seu jeito de me olhar... eu pensava: talvez esteja preocupado comigo, talvez esteja me achando uma chata...eu estava ali, frágil como nunca estive.

Ontem eu precisava dos meus amigos. E três amigas me ajudaram. Uma veio ficar comigo até ele chegar. Outra irá me ajudar hoje: eu sei que ela vai me curar das feridas, pois é minha melhor amiga, como uma irmã. A outra me ajudou com palavras, conversamos todos os dias.
Não era nada grave, mas nesse momento precisava de alguém.

A vida estava entre meus dedos, um fio de nada que eu insistia em carregar e manter, com a ideia em mente de que sempre vou me recuperar, não importa o que aconteça. Eu digo que quero morrer, e tem vezes que eu quis, mas a vida em mim está funcionando, na vontade de mudar, de ser melhor, de querer estar com quem amo e admiro.

Escolhi a vida, é o que estou a fazer.

sábado, 20 de maio de 2017

Por que preciso dizer que sou magra e tenho cabelo liso – e me gosto assim:

Eu nasci naturalmente magra e com o cabelo liso.
Quando era criança, tinha aquele cabelo de tigelinha, como as crianças orientais. Nenhum enfeite parava na cabeça, escorria pelos meus fios de cabelos.
E, para o espanto de muita gente, que não se coloca no lugar do outro, sim, sofri muito por ser assim.
Eu queria ter o cabelo encaracolado, e não queria ser magra. Não achava bonito, pois eu era assim e via que outras meninas eram diferentes. Queria ser como uma colega que tinha corpão e cabelão todo crespo. E entrei na adolescência usando roupas largas pois tinha vergonha do meu corpo.
Esses dias revi uma foto antiga onde eu usava um camisetão e pensei: ‘que pena, eu escondia meu corpo. Se eu soubesse o que sei hoje sobre ele, jamais esconderia’.
Foi com algum custo e também através dos elogios que recebi de quem gostava de mim, que fui desencanando do meu corpo e aceitando: sou assim e não tem nada de mais. Eu comecei a pensar que, se alguém gostava de mim mesmo com as pernas finas, com meus defeitos também, talvez não fosse tão ruim assim ser magra.

Foi o amor, o elogio, o afeto e sobretudo a amizade, que me fizeram mudar minha opinião sobre mim mesma.
E o que acontece agora com o feminismo de Facebook? Parece que é preciso desmerecer os atributos físicos de outras mulheres para fortalecer certos estereótipos que são alvo de preconceito.
Sinceramente, não vou aceitar isso. Não preciso desmerecer ninguém. Quem é magra, porque nasceu magra, portanto tem vantagens em nossa sociedade de consumo e objetificação, não necessariamente tem a culpa por isso. Quem é magra por que quer ser, por que malha e tem corpão de modelo, faz isso por diversas razões, suas razões, e não temos o direito de desmotivá-la.
Afinal, estamos em 2017 e mulher faz o que quer, meu bem. E portanto, você pode continuar fazendo esse tipo de campanha depreciativa, sim. Mas o que ganha com isso é nada. Não conquistamos nada, retrocedemos todos juntos. Para ser feminista, temos que admirar as mulheres. Nós temos muitos defeitos que mais são na esfera do comportamento, precisamos falar sobre eles também, mas sem ofender ninguém.
Ainda somos vítimas do auto desprezo: o desprezo a si mesma e o desprezo ao próprio gênero.
Aprenda: podemos nos amar sem deixar de admirar as outras...
As outras mulheres diferentes de nós, todas elas são seres humanos. Se queremos nos autoafirmar, que seja através da beleza que vemos em nós e nas outras mulheres. Para mostrar algo bonito, não precisamos exemplificar mostrando o que consideramos ‘feio’ até por que gosto é gosto, afinal.
Eu não me relaciono com determinados tipos de caras. Não faço isso porque não quero. O meu não querer é tão forte como meu querer. Se não quero algo, simplesmente é não. Ninguém vai decidir sobre o tipo de homem (ou mulher) que irá atrair o meu desejo, em outras palavras eu faço o que eu quiser!
É triste ver feministas escrevendo sobre o cabelo liso das outras mulheres, como se fosse algo ruim, apenas com o objetivo de elevar o que parece ser (pois não tenho certeza se é) o contrário de liso – o crespo.
Vejo como insegurança pura, mulheres desprezarem as magras apenas para poder elevar o orgulho de ser gorda. Já escrevi sobre isso aqui no blog e considero que quem faz isso de maneira ostensiva nas redes sociais, é uma pessoa insegura, que precisa se comparar com as outras.
Devemos elogiar as mulheres, quando vemos algo bonito nelas e não inferiorizar se, por acaso, não achamos ela bonita.
Se você tem orgulho de ser o que é, fale isso e principalmente seja o que fala, mas sem inferiorizar os outros.
Pois ao inferiozar as mulheres diferentes, apenas estamos repetindo o padrão que queremos combater.
Não é legal trocar um padrão de beleza por outro, isso é apenas repetir o que faz o patriarcado.
A riqueza consiste em que tudo seja ou não padrão, conforme a vontade ou momento de cada um.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...