Eu tentei tanto, mas, quanto mais me dedicava, mais era insuficiente. Eu aprendi com a vida, mas parece que sempre é algo novo.
Não consigo mais escrever, pois as palavras me parecem poucas, não encontro as certas.
Por que eu me dediquei tanto e hoje estou aqui sozinha?
Sofrendo as mesmas coisas, passando pelas mesmas dores. Por que nunca sou suficiente, não importa o que eu faça?
Se eu implorei para que ficasse, foi por que eu sabia que as coisas não são eternas e eu queria fazer com que isso durasse, pois eu amava e me dedicava àquela relação.
E numa madrugada eu vi uma foto, de uma moça num quarto cheio de livros abertos. Essa foto me levou a um tempo muito longe daqui, em que eu ficava acordada até tarde, lendo trechos de livros, como quando estava com um amigo, que me tirava daquela ilha solitária em que eu vivia. Como na época em que eu não sabia o que era ter um abraço, ter um irmão, ter uma família de verdade. Voltei tão longe no tempo, que parece que aquilo tudo era apenas um sinal, a fotografia, a memória distante, a morte das coisas por causa do tempo. Só eu preservo, só eu lembro, só.