segunda-feira, 27 de novembro de 2017

a torre frágil

em frente ao espelho, no corredor do meu apartamento, está meu corpo a conferir se tudo está bem.
é essa a imagem que eu levo para a rua, mas há ainda mais, o que não passa pela minha visão.

à noite madrugada, acordo com a janela aberta, a lua no mais perfeito visual, coloco meus pés no chão.
estou sonhando, vou até meu espelho, e a imagem abre-se.

é tão sério, em tons escuros, a pele branca exposta, a alma muda. nada me diz, e eu nada quero saber.

está ali todo o tempo, eu juro que não sinto, juro também que não o percebo, ao longo dos dias e dias...
Matei muitas coisas ao meu redor na esperança de tirar essa coisa, entalhada na pedra fria que é meu coração.

passa por mim Desconhecido, eu atravesso a rua para evitar cruzar com aquele olhar
que sequer me verá.
nunca verá, pois também não sei mais ver.

fecho os olhos, converso outros assuntos, o sangue por dentro corre, corre a timidez, cai um véu sobre o tempo.

esse tempo que pesa sobre o ar, e pára precisamente agora. ao som de passos, firme decisão.
a manhã fria, não sou eu - são as plantas, as flores, o abismo.
o som dos passos, o som....o som......que sim, tem nome.
corro para o espelho, hoje algo que apenas quebra, a vida que está aqui.

inseparável da dor, está a autossuficiência, a busca por isolar-me, a noite como o mais alto milagre, de estar só, com o reflexo.


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