Há lá dentro do ser, incompleto por si mesmo,
um esqueleto, o imago, um ser espelhado.
Idealizado em estado de um brilho que voa,
mas permanece enraizado.
Ao passo que ainda há outro esqueleto venerável
A Santa Morte,
A Santissima Niña Blanca, que, se não está internalizada,
anda a rondar, como a poderosa, que é em si mesma.
O poema impronunciável, não pode ser nem mesmo recitado, pois suas palavras
embargam a voz.
Ele é mesmo um retrato. De tantos, de tudo, de cegos e de visionários.
Ellen Augusta
Agora, o soneto, eu o recito sempre a poucos que conheço, mas... já não mais consigo recitar, pois começo a chorar...
Soneto XVII
Da vez primeira em que me assassinaram
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, de cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha…
E hoje, dos meus cadáveres, eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada…
Arde um toco de vela, amarelada…
Como o único bem que me ficou!
Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!
Ah! Desta mão, avaramente adunca,
Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do Horror! Voejai!
Que a luz, trêmula e triste como um ai,
A luz do morto não se apaga nunca!”
Mario Quintana