quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A mulher translúcida - um desabafo

Eu costumava me esconder. Achava que assim sentiriam minha falta. Nunca usava o Facebook e evitava qualquer contato pois sempre pensei que causaria um incômodo. E eu temia tanto perder as pessoas.
Sempre quis ter amigos, sempre procurei ser presente, mas havia tanta efemeridade mas atitudes alheias.
Só que um dia eu decidi me libertar da opinião e pensar por mim mesma.
Eu percebi que o mundo era mesmo virtual e as pessoas eram rasas mas... nem todas assim são e nem por isso deixaria de ser profunda, de ser amiga, de ser feliz ou de expressar toda minha tristeza, a despeito do que eu encontraria diante de mim.
Eu abri a solidão de meu coração para quem quisesse ver.
Minha existência sinto agora como uma bandeira a tremular querendo dizer algo tão forte, mas que quase ninguém percebe.
Talvez exista algo que eu realmente esconda. Quanto mais revelo mais parece que há o que ninguém consegue ver.
Quanto não será apenas aspectos, atuações, devaneios e vontade de burlar com o lúcido.
Eu sei que brinco com a imaginação de quem não me conhece e também sei que quase ninguém, ou quiçá ninguém, me conhece realmente.
Mas hoje eu não estou me importando com a dor da despedida, não me importo mais com o fato de não haver com quem contar muitas vezes, nem com quem dividir momentos frívolos de humor e coisas do dia a dia como tomar um café e sentir o Alegre da vida.
Talvez sejam os "novos tempos", talvez não, talvez eu seja cega para quem gosta de mim, desencanei.
Agora eu expresso todo o meu ser, tudo o que ele quiser, conforme o instante dessa curta existência.
Sou toda a felicidade e toda a solidão, mas sou mais do que tudo, morte, ela sempre me acompanhou.
Estou como numa vitrine para o nada e resisto ao risco de que seja realmente nada.
Ellen Augusta
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