fecho portas transparentes
estou só, através de vidros translúcidos,
minha casa é negra, com passagens de luz.
A casa, névoa branca e cinza, eterna cortina de saudade
envolve objetos repletos de afeto,
o corpo sonambular,
as memórias apagadas.
A Criança diz teu nome
Não esperava e, fato é:
Abriu-se a percepção
amorosa.
Roubei teu livro no cemitério,
o lugar onde guardei tudo de ti.
Enfeitei com flores o nada, teu espírito e tudo que não mais sei como é,
e decretei morte à minha Assombração.
Acordo de madrugada,
com a solidade cortando meu peito,
feito sal na ferida sangrante.
Eu deveria levantar guerra, ferir-te como quem ama,
Mas nada existe de real.
Sonhos são sonhos,
A fenda de realidade,
que mostra uma profunda verdade.
Ocultada neste olhar, que só sente
Saudade.
Ellen Augusta