terça-feira, 15 de novembro de 2016

Poesia, Literatura, Amor - Legião Urbana e a Professora de Português

O mundo anda tão complicado

Não lembro quando comecei a gostar de escrever, mas sim dos momentos em que colocar no papel o que eu sentia ou pensava era algo que me possibilitava um bem estar sem igual. Nada das minhas outras atividades era como ler e escrever.
Eu tinha uma professora de Português e Literatura que um dia fez uma atividade com música. Tínhamos que ouvir e escrever tudo o que ela representava para cada um.

Eu sinto que naquele dia algo despertou em mim. Um clique e tomei conhecimento de que escrever liberta os pensamentos, organiza aquelas ideias mais profundas, dá formas à coisas disformes.

A música era 'O mundo anda tão complicado' e eu, naquela época, nem tinha vivido tudo o que hoje sei sobre a letra dessa canção. Eu só tinha a melodia, a composição seca. Sem vivência, era uma criança, apenas fui deixando-me levar pelo fluxo carinhoso da história. E me recordo de muito escrever, sem parar, até a música acabar.

Eu não sabia o que era ver o outro dormir, mudar-se para a casa de alguém, ou trazer alguém para meu lar, viver o cotidiano amoroso. A minha vida, naquela época, era mais um misto de tristeza e vazio. Depois, não muito tempo depois (eu estava na quinta série, acho) eu fui descobrir que o outro é este ser fascinante, que se deseja como a si mesmo. Aquele ser amado, com o qual queremos estar na mesma casa, na mesma vida. Ou não...mas eu queria.

Mas naquela época meio criança, meio adolescente, eu não tinha ideia do que era amar.

Meninos e Meninas

O Renato Russo foi aquele amor adolescente impossível, entre tantos que eu tive. Tudo o que ele dizia era sagrado para mim. Uma palavra estranha, e eu corria para o dicionário. Ele era o conforto poético para este mundo sem solução.
Quando hoje, retorno a estudar o Português para o meu segundo vestibular, vêm à mente aquela frase, como todas, genial:

"Eu canto em Português errado,
Acho que o Imperfeito não Participa do Passado
Troco as Pessoas, troco os Pronomes."

Esse ano, por força de um destino, uma breve paixão, decidi fazer minha segunda faculdade e primeira vocação. Até agora não consigo entender por que neguei por tanto tempo que isso era meu caminho. Eu só posso explicar com uma frase: eu fujo do amor e das coisas que amo, por medo de perdê-las depois.
Só que o amor não foge de mim, ele está aqui o tempo todo. E não irá embora. E não sei se isso é bom.


Se fiquei esperando meu amor passar

Até hoje, algumas frases dessa música são enigmáticas para mim. Eu simplesmente não as entendi.
Mas, nesse momento de minha vida, eu estou caminhando muito e ouvindo Legião Urbana regularmente. Um dia, ao voltar dessas caminhadas, sozinha, eu pensava justamente sobre o amor e nem me dei conta de que tocava essa música no meu MP3.
E uma das frases brilhou para mim. Eu acho que entendi, pelo menos o que pode ser uma interpretação minha...
Eu sempre quis entender o verbo amar, fazer a palavra amor ter um sentido. E no fim das contas percebi que o sentimento está sempre aqui dentro, não importa como está, nem por quem está. Ele nunca saiu, nunca passou. Eu sei que não é fácil encontrar o eco lá fora para as coisas que estão no coração, eu sempre sonhei com um espelho, o qual parece que ainda está longe de mim.

Nos meus sonhos ele aparece, bizarramente, como uma jaguatirica que mordeu o meu braço. Eu senti a carne sendo perfurada por aqueles dentes terríveis, sem sangue desta vez, mas aquele ser era tão lindo, que eu deixei.

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