sábado, 10 de janeiro de 2015

Fotografias Poéticas

 
Desde que surgiu meu blog, recebi muito poucos comentários. Até hoje, nenhum ofensivo.
E para minha felicidade, e o pleno objetivo do meu blog, é que os poucos comentários que eu recebo são de muito bom nível.
O silêncio que meu blog provoca só confirma o objetivo a que me proponho.
De maneira que consigo traçar um perfil dos meus leitores.
Gostaria de compartilhar um e-mail que recebi, que marcou-me. Travamos contato a partir dos comentários. Algumas conversas se estendem para além do blog. E assim deve ser com as coisas verdadeiras e belas.
Eu considerei o autor do site Fotografias Poéticas muito parecido comigo, ou seja, me identifiquei de pronto.
É, assim como eu. Alguém que tem a coragem de xingar a vida! Tem a coragem de blasfemar e tem a audácia de fazer poesia com as sombras e com as misérias humanas. Isso não é para qualquer um.

A vida é algo que merece toda a classe de xingamentos. E que prazer é falar o que se pensa deste mal que é viver.
Só quem verdadeiramente amou alguma vez, viu nos olhos do amado a dor.
Só quem admira a vida consegue vislumbrar na revolta o mais puro amor.
E ignorar a morte é ser como uma criança que acredita ainda em ilusões.

Leias as palabras do escritor José Montanha, do blog Fotografias Poéticas, escritas para mim:

"Sabe, a escrita em minha vida é quase uma maldição, está grudada em minhas entranhas, não como uma coisa "boa", mas como uma forma de viver e ver o mundo, não saberia te descrever como me sinto hoje, e o que de fato estou fazendo nesta longa estrada que é viver... amo a vida, assim como voce, na medida da possibilidade de viver profundamente os sentimentos, somos tão reprimidos, né, desde a infância, desde sempre! Acho que nossas histórias não são diferentes, amar a literatura marginal não é pra qualquer um, mesmo sendo nós, náufragos!!! Rsrsrs!!! Mas sempre em frente, como diz o poeta. Não me lembro Ellen de alguém que compartilhasse comigo uma escrita tão afiada e provocadora como a tua! No dia que bati o olho nos teu escritos, pensei, poxa, que bacana, que lindo, que explosivo! Mesmo com muito amor humano, vi as tuas rosas... e vi nas tuas palavras uma mulher em pé diante do mundo, firme, poetisa e de olhar certeiro. Parabéns!!!

É verdade Ellen, amar e ser amado, ser feliz, do nosso jeito e a nossa maneira, amar quem nos ama, e acreditar que a vida é tão pequena e curta, perder tempo com os caretas e com a moralidade cristã está muito longe de meu diário de náufrago que sou... na verdade, na verdade, tenho mais perguntas que respostas, tenho mais dúvidas que certezas, meu coração está sempre em "frangalhos" diante desse mundo de "mortos-vivos", da caretice, de uma vida cercada de proibições e castigos. Acho que em grande parte a nossa educação foi cercada de "NÃOS" e isso se irradia até hoje!!! Quiça se irradiará aos nossos filhos e os filhos de nossos filhos...

Sabe Ellen, meu coração cabe tanta gente, fica até difícil expressar o que se abate sobre mim, mas ao mesmo tempo me sinto um "fantasma" uma "alma penada", pois pensar assim, é estar diante da "loucura", visto que vivemos em um mundo cercado por pessoas que abominam qualquer sentimento que não esteja dentro do receituário da vida judaico-cristão.

Sim, é verdade, eu também gosto dos palavrões, como forma de denunciar este mundo de "zumbis", dos "papai e mamãe" no domingo a tarde, como forma de denunciar a nossa vida bovina (não que este mereçam! são muito mais nobres que nós), da vida diária e cotidiana que é muito mais "água com açúcar" que ácido sulfúrico, isso sim tem feito de mim um errante, um sujeito sem "rumo"...

Todo dia olho um pouquinho teus escritos, tuas "loucuras" maravilhosas e corajosas, não se recinta da tua escrita, é a tua história de vida, teu olhar mirado aos idiotas e aos sujeitos que se arrastam por este mundo sem qualquer sentido, uma repetição macabra de nossas vidas idiotizadas e perfeitas!!! Você denuncia isto minha querida amiga. E fico muito feliz!

Sabe Ellen, outro dia estava em um café, um café desses estilo classe média-idiota, e me senti tão mal, tão deslocado, e então fico pensando que meu lugar é ao lado dos arrebentados, dos homens e mulheres que tem um olhar de sofrimento, de pessoas que andam sobre a terra assim como a gente anda em direção ao cadafalso, só assim me sinto bem, boteco a gente já sabe o que esperar, um mundo de "destroçados", lembrei então da tua fala sobre os chás... sabemos na verdade, mas ninguém confessa é claro, que odiamos o comércio, odiamos esta escravização silenciosa das pessoas, que assim como nós poderiam mesmo que de forma marginal e indignada escreverem, pintarem, esculpirem, comporem e quem sabe apenas não aceitar esta Senzala moderna!!!

Amo todo mundo, mas não suporto as convenções, não suporto as receitas, não suporto o "papai e mamãe" da vida conjugal e profissional!!! KKKKKKKK! Desculpe-me!

Sou "louco" por natureza, e adorei o que voce disse sobre os "surtados zen", pois também não acredito nesta natureza Zen, somos o que somos Ellen, na medida exata de nossas loucuras maravilhosas ou não, um bar, um boteco, uma leitura no fina da tarde em um bar qualquer, um momento de pensar, um momento de "viajar", não acreditar em nada, mas acreditar nas pessoas, amar e ser amado, um trago pra aliviar a alma, um beijo doce mas vagabundo, uma promessa não cumprida, as juras de amor para amara todo mundo, um não sonoro ao individualismo afetivo, estar pronto pra tundo, mesmo que as 6:00 da manhã, e no fim de tudo, desafiar, viver sobre o fio da navalha, entre a loucura da paixão e a certeza de que tudo não passa de festim, mesmo aqueles idiotas que se agarram ao crucifixo e as missas dominicais. NO fim de tudo não há nada... só poesia e o viver intensamente. Enquanto temos tempo!!!

Acho que o "Chaves" foi meu herói na infância, mesmo sem saber. Assim como eu, ou nós, um arrebentado poeta da vida ordinária."


Eis um fragmento de um de seus livros que já estou a ler!



"Bar, boteco, birosca, budega, , quiosque, etc, etc, etc. Minha convivência com estes é tão próxima e tão íntima que desconfio que este de escrever sobre este assunto seja muito mais de caráter do que . Mas por outro lado, de forma mais , desconfio que na verdade tudo que cerca esta vontade de escrever sobre este tenha alguma ligação ancestral com a na qual fui gerado. Vários foram os casos de alcoolismo, bebedeiras crônicas e porres homéricos em minha família. Tios, tias, avôs, primos e sobrinhos, todos imersos num de desespero e embreaguês. Se fosse fazer a lista exata com os nomes daria um belo tratado.
É obvio que divagar sobre estas espeluncas é dar um passo em em direção ao submundo da . Não que isto faça alguma diferença, claro que não, meu caro leitor. Desde que deixamos de nos dependurar em galhos somos a alguma coisa que nos tire desta : um cachimbo, uma garrafada, um baseado, uma raiz curtida, um chá de cogumelo, tudo em nome da fuga. Se serve de consolo aos cachaceiros de plantão, nada nunca foi muito diferente do que é hoje, nada. A diferença básica é que hoje a impede que tudo venha a pique, que cabeças sejam arrancadas e que voltemos aos tempos dos enforcamentos coletivos em praças públicas e os paredões. O fato destes sujeitos poderem beber até é uma espécie de suicídio coletivo, uma eutanásia voluntária, uma forma de deter o inexorável fim trágico de nossa ..."

Simplesmente perfeito!!!
Esse e outros materiais podem ser encontrados em seu site Fotografias Poéticas: http://fotografiaspoeticas.com.br/
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