E, especialmente no que se refere ao abuso e violência contra os animais, os mais frágeis estão representados na frase tocante "tive fome e não me deste de comer, tive sede e não me deste de beber".
Agora, a bancada religiosa quer mudar o conceito de família, excluindo a possibilidade de adoção para aqueles que não forem "homem e mulher - procriadores".
(Não há nada para se fazer de mais importante no Brasil não é mesmo?)
Ronaldo Fonseca (PROS-DF), relator do PL quer proibir a adoção por casais do mesmo sexo.
O direito de adoção por homossexuais foi reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça em votação unânime em abril de 2010.
Jean Wyllys, deputado federal, faz uma interessante declaração, que ouvi na Voz do Brasil, em primeira mão aliás, pois a Voz do Brasil que a mídia tenta combater sempre traz coisas que os outros veículos nem publicaram ainda, e que reproduzo aqui: "Esse é um projeto que reconhece apenas como família, aquelas formadas por homem, mulher e filho, desconsiderando os diferentes arranjos familiares que constituem a sociedade brasileira. Ele fere a constituição, o princípio do não preconceito e o da dignidade humana".
Eu e meu marido, não faríamos parte do conceito de família proposto pelo deputado Ronaldo Fonseca, já que somos um casal que não quer ter filhos.
Assista aqui:
Ora, há muito o conceito de família tradicional anda falido, e as pessoas buscam à sua maneira, viver em paz. Tudo o que uma criança precisa é de cuidados e carinho. Precisa de adoção, não de solidão.
O casal que não quer ter filhos é que é o estranho não? O ateu é que é o malvado não?
A sociedade certinha, essa sim, são os que fazem filhos e os abandonam, fisicamente ou psicologicamente.
E depois fazem leis para coibir a adoção.
Creem em tudo o que lhe enfiaram na garganta, nos mesmos livros e nos mesmos dogmas, e pior, acreditam cegamente, e não raro, erroneamente. Seguem distorcendo, à maneira que bem entendem, as leis ao seu critério, por purismo, por fé cega. Mesmo que, para tal, precisem passar por cima de pessoas frágeis.
É mais confortável ficar a vida inteira repetindo o que diz um livro, um dogma, e tentando convencer os outros de que essa é a única coisa que há para comer, do que pensar em alcançar a lucidez através da leitura e do pensamento.
Tentam empurrar outrem para suas casas, centros e epístolas, enganar por vezes, ludibriar, curar a doce loucura, a amargura dolorosa, porém autêntica, que remediada está.
Estão convictos que o outro também faz parte de seu sistema fechado e maravilhoso de enganação coletiva. Que pode fazer todo o sentido para seu grupo, mas não faz sentido algum para o grupo seguinte, e provoca riso no grupo posterior. E certamente, se existe o tal deus carrasco, deverá lhe provocar isso mesmo: asco.
Pois, francamente, e cá entre nós. Como admitir que mais e mais crianças sigam dormindo em albergues por toda sua vida até serem jogadas na rua, pois viram adultas e o sistema não lhes pode mais sustentar?
Como admitir que uma sociedade lhes fechem o cerco, diminuindo toda e qualquer possibilidade de afeto, só por que há um cu ou uma boceta em jogo, piscando vinte e quatro horas nas mentes de quem promove
leis homofóbicas?
Explicação torta, os tortos sempre as têm. Só que eu não me interesso por opiniões. O que me incomoda é que as crianças paguem o preço da má política focada em interesses para lá de pessoais, com a solidão e o esquecimento.
Como sempre.