Por Ellen Augusta Valer de Freitas
publicado originalmente no site Olhar Animal - Revista Pensata Animal no link: Coluna Ellen Augusta
O sujeito nem me conhece, chega e puxa papo na rua, mas não gosta de
ninguém. Não aguenta 'aqueles veganos', não gosta dos punks, não suporta
essa ou aquela cena. Eu, que não pertenço a nada, só observo. Daí ele
começa a se desculpar, dizendo que adoraria ser vegano, mas que não
concorda com as atitudes do fulano, ou com o jeito do beltrano. Até
então, eu estava a fim de conversar sobre fanzines.
Quando as pessoas pedem informações sobre veganismo, eu respondo e
converso numa boa. Mas parece que a pessoa estava a fim de exorcizar.
Cara, por que você não faz as coisas por você mesmo?
Curioso é que o resolvido vem com um papo de que não aguenta 'esses
veganos' e, por isso, voltou a comer carne. Mas a sociedade está cheia
de gente chata, te impondo o consumo dessa mesma droga que você voltou a
enfiar goela abaixo. Está cheia de bêbados chatos, e nem por isso você
parou de encher a cara e ficar chato como eles.
Você segue fazendo o que todo mundo faz. Igual.
E, pior, segue repetindo o padrão, seguindo o que a sociedade te
impõe, repetindo o que todo mundo repete: que os veganos é que são os
chatos. Ahã. Fica indignado com um comportamento qualquer 'fora do
normal', vindo dos 'radicais'.
Os veganos, de repente, devem suportar o título da coerência eterna.
Alguns veganos, inclusive, se arvoram disso, se colocando o chapéu de
perfeitos: problema deles. Pois bem, não vá pelos outros, aja pelas suas
ideias, se é que você já decidiu se as tem. Não seja escravo do método,
do sistema. Tampouco seja escravo das pessoas.