sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sobre o ato de escrever parte dois

Uma coisa nunca esquecerei. Apenas uma coisa me chocou muito e fiquei profundamente magoada. Quando escrevi um artigo na Anda relacionando os direitos humanos aos direitos animais. Como educadora, considero essencial a correlação. É importante, até para a manutenção da inteligência, a capacidade de correlacionar assuntos que, aparentemente estão distantes, mas tem tudo a ver!

Nós ativistas dos direitos animais, sempre somos acusados de nada fazer em relação às pessoas. Somos acusados, justamente por pessoas que geralmente nada fazem quanto aos humanos. Elas adoram apontar, justamente por que se sentem incomodadas por notar que alguém faz, seja o que for.
Pois notei que ao escrever este texto, houve uma repercussão muito negativa. Isso me levou a crer que as pessoas de um modo geral foram rasteiras e pequenas, criticaram de uma forma tacanha. Eu em nenhum momento entrei no meu artigo para ler e responder os comentários. Isso foi feito por outra pessoa. Não me dei este trabalho.
Essa classe média que entrou lá, que nunca teve sua porta chutada pela polícia, que nunca perdeu um filho na mão de torturador/todos sabem quem tortura, né?, que nunca chorou de fome, não sabe o que é viver na pobreza, portanto, critica sem ter base. Não lê e não sabe do que fala. Se lesse, se soubesse, se vivesse na pele, não falaria, escreveria coisas boas ou pelo menos, ficaria em silêncio. Quem sabe, quem leu decências na vida, foi quem entrou lá para defender, para acreditar e para escrever coisas legais, ponderar, fazer pensar e refletir. Não quero que as pessoas concordem com tudo o que digo, nem era para isso o texto. Mas me choquei muito em saber que a maioria ( sim, generalizo, por que é e pensa dessa forma, de uma forma mesquinha, e sem pensar a fundo, sobre a questão humana, a maioria da população) pensa dessa forma sobre sua própria condição, achando que está pensando sobre a condição do outro.

Pois a questão dos direitos humanos, seu classe média preconceituoso, vale para você também. E eu luto para que ela valha para você e para mim. Tanto e de igual forma. E que ela se estenda para os outros animais. Pois já existe o conceito de 'pessoa humana' e 'pessoa animal'.

Hoje, eu não tenho mais mágoa. Mas não esqueço e não perdoo. Pois sei que essa gente agressiva vota, faz filho, faz escolhas e julga, assim como eu estou julgando agora e de forma proposital.

No interior de cidadezinhas, polícia-padre-empresas-política são estruturas sempre bem azeitadas para cooperarem entre si. Todos os favores bem servidos, para alguns. Toda a comunidade em silêncio. Ninguém fala nada, os animais, as crianças e o povo todo assistem as decisões. Por que ninguém pensa a respeito disso? Os pobres pagando a conta da visita do papa ao país. O teatro todo lá no campo da 'fé' no último minuto, tirou a oportunidade de um monte de gente de, pelo menos, tirar um troquinho, daquela palhaçada toda, mas nem isso!
Não! Ainda nós, pobres terceiromundistas, é que bancamos tudo, até o prejuízo.

A possibilidade de fazer essas e outras correlações é importante para que o ser humano possa ser mais humano e não essa coisa que só sabe xingar,  espernear, contorcer-se entre demandas que nunca acabam...Onde terminará isso? Não haverá nunca a real comunicação entre os humanos, dessa forma.
Para todos nós 'outros', que não temos classe, cor, etnia, nem dinheiro, posição, nem mesmo importa a espécie, fica a pergunta: será que os direitos valerão para nós no dia em que deles precisarmos? para você que fica praguejando, nesse negativismo em frente à TV, essa 'coisa do demo', como dizem, pense bem, se vale a pena desqualificar o discurso dos pacifistas e ativistas, toda a vez que alguém fala em direitos humanos, ou direitos animais. E você que pensa que está 'de um lado' ou de outro, saiba que não existe lado. É tudo invenção de sua cabeça esquizóide. As lutas são uma só. E torça para não ser preso por terrorismo, por lutar por sua causa, pois aí haverão outros gritando o mesmo que você grita agora, só que do outro lado.
Ellen Augusta
preso por defender os direitos humanos
Filme que definiu minha forma de pensar sobre a vida. Quero viver e morrer como ela. E sou como o garoto que só pensa em cometer piadas práticas sobre suicídio, visita cemitérios e não sabe ainda o que é a vida... amo os dois!
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