Um livro chamou meu olhar, pois me interessa sobremaneira tudo o que é ligado aos mortos. E, nada como ler sobre o Egito, o povo que andou de braços dados e de maneira admirável com a morte.
Akhenaton E Nefertiti - Uma história Amarniana, é uma ficção sobre este período misterioso, onde pouco se sabe sobre estes dois faraós, um homem e uma mulher que reinaram juntos no Egito Antigo.
Ela, a misteriosa Nefertiti foi rainha e posteriormente teve o posto de faraó, algo totalmente inédito na História, governando lado a lado com seu esposo.
O maravilhoso busto de Nefertiti com mais ou menos 3500 anos - como não se apaixonar por essa mulher? |
Akhenaton pretendia fazer de seu Deus Áton o único, e acabar com a crença em outros deuses. Por volta do século XIV a.C ele foi ousado, afrontando a corrupta casta sacerdotal egípcia que cultuava o deus tebano Amon. Eles fundaram a cidade chamada Akhetaton batizada depois de Tell-el-Amarna pelos árabes.
O livro conta um pouco dessa história fascinante, misturando os fatos com a fantasia, para nos fazer imaginar como poderia ter sido os dias desse reinado de curta duração.
Os estudos sobre este casal apaixonado, retratado de forma incomum em figuras de amor sensual e carinho paterno e materno, receberam por vezes um olhar machista, como aliás, recebem outras áreas da ciência.
Um beijo do pai chegou até a ser interpretado como cegueira deste, motivo pelo qual a rainha teria assumido o papel de faraó! |
Estou escrevendo um artigo sobre Arqueologia, apoiada sobre o estudo de um biólogo/arqueólogo que desmonta a fantasia machista do homem caçador. E me pergunto: quantas outras mentiras com a visão masculina, nos contaram?
Pois, uma das teorias sobre Nefertiti é que ela era um homem disfarçado de mulher, ou que ela era um homem e que Akhenatom era homossexual, ou que ela foi colocada como faraó pois seu esposo era débil e não poderia mais assumir. Esta ideia surgiu pois em algumas figuras ele aparece com contornos afeminados.
A teoria moderna defendida pelo egiptólogo Carl Nicholas Reeves é que ela é sim uma mulher, pois aparece bravamente lutando ao lado do faraó, utilizando de roupas e apetrechos que só os faraós usavam, e também que os traços afeminados nas estátuas do faraó Akhenaton eram apenas símbolos de fertilidade atribuídas ao Deus Átón, e os faraós eram representações vivas dos deuses. O livro explora bastante essa teoria. Quando retrata um Akhenaton pacifista, bastante apaixonado por sua esposa, porém extremamente devotado a seu Deus, a ponto de abandonar tudo, e denominar sua esposa para tratar dos assuntos políticos para que ele então pudesse se dedicar exclusivamente à sua religião.
Os boatos então naquela época, em torno de sua figura, era realmente de um homem afeminado, por conta de suas estátuas, e por conta de que, a contragosto, o povo era obrigado a crer em um deus desconhecido. Com certeza preferiam debochar do faraó, o caracterizando dessa forma.
No declínio de seu reinado, a própria Nefertiti se tornou por assim dizer, atéia, descrendo totalmente em seu único Deus, quando ele levou suas filhas, dominadas pela peste. Os inimigos da nova religião fizeram de tudo para enfraquecer seu domínio, até mesmo espalhar doenças pelo Nilo, de modo que o povo duvidasse dos poderes de seu novo deus.
"Áton não existe, como não existe Amon nenhum, nem Ísis alguma, nem Toth algum, nem ser milagroso algum que nos possa salvar da maldade humana!" Assim retrata o livro, um trecho em que o desespero de uma mãe, após perder a terceira de suas seis filhas, se torna insuportável. A partir de então, ela apenas dedicou-se ao projeto político a fim de salvar a vida de seus filhos.
O seu filho Tutankhaton, precisou chamar-se então Tutankhamon, por conta da negociação para restabelecer a antiga religião. Ele tornou-se faraó, governou por mais ou menos nove anos e morreu jovem, aos 19 anos. Descobriu-se recentemente que ele é realmente filho verdadeiro de Nefertiti. E não filho de uma suposta segunda esposa ou até mesmo de uma irmã de Akhenaton, como se acreditava.
No documentário da BBC, mostra-se que o féretro de Tutankhamon se deu às pressas e que algumas das peças de sua câmara mortuária foram retiradas das câmaras de sua mãe e de seu pai, por seu avô, Aye.
Também é sabido que a rainha faraona Nefertiti utilizou-se de outros nomes durante seu reinado e talvez por isso o mistério e a dificuldade de encontrá-la.
Também é sabido que a rainha faraona Nefertiti utilizou-se de outros nomes durante seu reinado e talvez por isso o mistério e a dificuldade de encontrá-la.
Os autores são dois portoalegrenses que escrevem juntos! Carmen Seganfredo e A.S. Franchini |
Entre as múmias encontradas, se esperava encontrar a de Nefertiti.
Bem à esquerda, está a real consorte de Amenotep III, a rainha Tiy (mãe de Akhenaton), com longos cabelos, cuja beleza ainda chama a atenção. O menino do meio pode ser irmão de Akhenaton e a múmia da direita tentava-se provar que fosse Nefertiti. Também li que esta tumba era exclusiva para homens, mas elas estavam ali.
Um exame de DNA, porém, revelou que a múmia correspondente a ela, era na verdade de sua irmã.
Um exame de DNA, porém, revelou que a múmia correspondente a ela, era na verdade de sua irmã.
Mais do que a própria beleza de Nefertiti - "A bela que chegou" como diz seu nome, o que impressiona é o trabalho de Tuthmose, o escultor. |
O livro tem uma escrita interessante e teve a capacidade de me deixar enlevada. Todo bom livro tem este poder e outros mais. Depois que eu o termino de ler, a magia fica alguns dias pairando no ar.
E saio a procurar por mais informações, respostas ou um contato a mais. Me encantei pelo faraó e sua rainha co-regente ou melhor, faraona, essa figura impressionante e poderosa do mundo antigo, que a morte conseguiu torná-la ainda mais bela e eterna.