terça-feira, 25 de setembro de 2012

Limpeza espiritual: para um ativismo efetivo, foque sua atenção no positivo

Ellen Augusta

“Lembrando que é sempre dentro de ti onde militam os verdugos mais nefastos e onde deve iniciar o primeiro ato revolucionário”
(Ezio Flavio Bazzo, Manifesto aberto à estupidez humana)

Ilustração: Yosuke Ueno

Um dos mantras mais repetidos, porém pouco usado, é tentar ver o lado bom das coisas. Mas somente ver o lado bom não é suficientemente seguro para uma vida melhor. Isto porque tantas vezes vemos o lado bom, mas o descartamos, em favor de negativismos, de perder tempo com pessoas que roubam nossa criatividade, por serem vazias.
A injustiça é um tema recorrente em nosso trabalho. Lutamos contra toda e qualquer injustiça contra animais e também contra a sociedade. E todos sabem o quanto é desgastante lidar com injustiças.
É importante focar nos objetivos e não perder tempo com pessoas mesquinhas, com fofocas, com falsidades.
Da mesma forma que uma empolgação impensada é nociva para um trabalho sério, o pessimismo também é nocivo e pode matar.
Um ativista doente, estressado, mal-humorado ou instável pouco pode acrescentar à causa, e até mesmo àqueles ao seu redor.

É importante sempre festejar as conquistas, por pequenas que sejam, e as grandes também. Essas conquistas são ferramentas que nos ensinam, nos estimulam a continuar e servem de exemplo a novos ativistas.
Sempre devemos acolher com carinho os novos ativistas e entender aqueles que, por motivos pessoais, seguiram outro caminho.
Educação, repito aqui o que escrevi em outros artigos, nunca é demais, porém é raridade e deve ser cultivada, independentemente se, no seu meio, você é um dos poucos a usá-la.
Não é porque o outro é um idiota que você tem que ser igual. A fineza, além de elegante, faz bem ao coração.
Vejo que pessoas desagradáveis, mentirosas, fofoqueiras, rancorosas estão aí justamente para servir de exemplo do que não fazer, do que não ser, e até mesmo do que se afastar, caso necessário. Não devemos dar crédito a essas pessoas, mas sim pensar naquelas que contribuem, que têm energia boa, que trabalham pensando nos animais de verdade. Elas existem e, se você ainda não as viu, cuidado, pois pode estar sendo pessimista demais ou se juntando à pessoas ruins.
O trabalho de ativismo pode ser feito por uma única pessoa sozinha, ou por muitas. Mas é a seriedade desse trabalho que conta e o tempo mostra os resultados.
Procure pessoas de alto astral, com sorriso sincero, sem ‘respostas prontas’, que seu trabalho como ativista será bem mais fácil. Não é preciso ser ‘amigo de fé’, mas é preciso que haja respeito. Já temos problemas demais para lidar em nossa luta pela conquista dos direitos animais. Devemos focar no trabalho e não em problemas pessoais. Aliás, é recorrente o abandono da causa em virtude de qualquer instabilidade pessoal.
Quando alguém faz algo legal, é interessante estimular seu trabalho, e não pichar, denegrir ou boicotar, simplesmente porque não é o seu trabalho. Há diversas formas de ativismo, e há algumas pouco reconhecidas, por serem anônimas, mas não menos importantes.

De outra forma, é importante escrever, publicar livros, fazer o seu trabalho ser lido e ser eternizado em páginas de papel. É fundamental a leitura, inclusive daquilo que você não concorda, pois pode mudar de ideia e é bom mudar, desde que seja para o bem daqueles por quem você luta. Lembrando que ter material publicado em livros e revistas é importante para sua carreira pessoal e também para o ativismo.
Não leia apenas o mesmo assunto, ativistas devem ser inteligentes, independentes, ter ideias próprias e trazer ao mundo novas correlações, entre o ativismo animal e outros assuntos.
Por fim, considero que devemos estar bem com nós mesmos para realizar um ativismo sério, devemos investir na profissão, na formação, e devemos ter orgulho de ver nosso trabalho publicado, por que não? É importante estarmos preparados, de bem com a vida, pois isso vai gerar lá na ponta um trabalho bem feito.
Talvez um dia as pessoas aprendam que a bondade não é algo tão fácil assim e que é preciso preparar-se para ser bondoso com os demais (incluindo aqui todos mesmo, animais, humanos, Terra), a fim de não transformar um ato de ajuda em maldade.
Bibliografia
GUEVARA, Che. La Guerra de Guerrillas. La Habana: Dep. de Instrucción del MINFAR, 1960. baixado no site Angelfire.com.
BAZZO, Ezio Flavio. Manifesto aberto à estupidez humana. 1979, Ed. LGE, 2007. Lido pela primeira vez em espanhol em site publicado no México, com posterior re-publicação em português.
COELHO, Paulo. O Manual do Guerreiro da Luz. Ed. Planeta, 2006.
FALUDI, Susan. Blacklash – O contra ataque na guerra não declarada contra as mulheres. Ed. Rocco, 2001.
WATSON, Paul. Earthforce! Um guia de estratégia para o guerreiro da Terra, Ed. Tomo, 2010.

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