
Eu não depilo pernas. Não gosto. Desde os 13 anos descobri que era armadilha, cilada preparada para mulheres. E que, se eu depilasse ou não, não faria diferença. Não sabia ainda o que era o feminismo. Até hoje não me preocupo em entrar no movimento feminista e prefiro ser uma feminista solitária. Faço mais estrago assim. Até por que, meu dom e meu ativismo está em outra frente de batalha.
Dito e feito. Estou até hoje sem depilar minhas pernocas e sou amada, desejada por homens, mulheres (que tal?), sempre escolhi a dedo os homens que quis. Pois esse era o medo das meninas, sim. Me sinto bem assim e acho que as mulheres têm que se libertar de qualquer coisa que as acorrentem, a começar pelo português, pelo vocabulário, pelas dietas, roupas, cada um faz o que quer. Desde que seja macha para se responsabilizar.

Refrigerante. Já cansei de falar sobre isso. Hoje só falo em refri se for para fazer piadas práticas, e, tenho horror a naturebices.
Não tomo bebidas alcoólicas e nem me interesso por refri. Mas se um dia me dá na telha tomar dois litrão de Coca Cola sozinha, sou mais livre que as ondas do mar.

E, ainda não me convence totalmente, essa coisa de se ficar controlando os vocábulos. Não gosto de ficar me policiando para falar. Detesto polícias, acho de uma incoerência total. Especialmente quando quem te policia é o outro. Aí sim, é detestável.

Se a mulher aprendesse esse tipo de ferramenta, a coisa seria outra. Mas nada disso é conversado, nem estimulado entre mulheres. Silencio total. Nada entre mães e filhas. Por quê? Nada na escola.
A mulher aceitou numa boa a lição de ser o sexo frágil, baixar a cabeça na rua e receber de bom grado as agressões do mundo, sem estar preparada, se for o caso, para revidar.
E, não é questão de ser violenta, não. E se fosse? Mas o essencial, é estar preparada para um mundo violento, é cair na real. Não ser apenas uma vítima em potencial. Eu sempre olho nos olhos dos homens na rua, não desvio o olhar. Aprendi o contrário. Fui ensinada a baixar a cabeça, a ter medo. Um dia disse - basta!

Comigo não. Fiz o contrário. Eu queria sim me apaixonar, e aconteceu algumas vezes. Ainda não sei se aprendi a amar, não é fácil. Mas sempre me preparei para a solidão, considerando que é ela, que nos segue e nos acompanha muitas vezes. Me preparei para ser solteirona. E, reparem, como pesa mais a palavra solteirona para mulher, e menos, solteirão, para homem. Então, ser casada é apenas algo que aconteceu, não foi o primeiro prêmio da loteira.
Não sou tola. Não nascemos ontem. Nem eu, nem a solidão.

Mas isso passou despercebido. Cada época com sua cegueira. Depois se romantiza tudo. Claro que algumas marcas nos dão saudade.
Eu amo Portugal, por isso escolhi estes rótulos. E as pessoas buscam isso com fervor, procuram com nostalgia as propagandas, a época antiga. Há muita saudade. Queremos sempre voltar no tempo. Sempre fugir desta época, que, é tão sem graça, tão sem charme e sem poesia. Mas é preciso poetizar, valorizar todas as coisas. E pensar sobre elas. De mais a mais, são belos rótulos os antigos e que beleza de saudade nos provocam as propagandas de Portugal.