sexta-feira, 21 de maio de 2010
Propagandas antigas portuguesas e alguns questionamentos feministas
Amo propagandas antigas. Elas fazem uma espécie de cócegas no cérebro. Nos transportam para uma época em que não vivi. Muitas vezes vivi. Depende da poesia e do momento.
Eu não depilo pernas. Não gosto. Desde os 13 anos descobri que era armadilha, cilada preparada para mulheres. E que, se eu depilasse ou não, não faria diferença. Não sabia ainda o que era o feminismo. Até hoje não me preocupo em entrar no movimento feminista e prefiro ser uma feminista solitária. Faço mais estrago assim. Até por que, meu dom e meu ativismo está em outra frente de batalha.
Dito e feito. Estou até hoje sem depilar minhas pernocas e sou amada, desejada por homens, mulheres (que tal?), sempre escolhi a dedo os homens que quis. Pois esse era o medo das meninas, sim. Me sinto bem assim e acho que as mulheres têm que se libertar de qualquer coisa que as acorrentem, a começar pelo português, pelo vocabulário, pelas dietas, roupas, cada um faz o que quer. Desde que seja macha para se responsabilizar.
Eu amo Portugal e vivo pesquisando sobre este país. E encontrei estes rótulos em alguns blogs. Também tenho em casa um livro de rótulos antigos.
Refrigerante. Já cansei de falar sobre isso. Hoje só falo em refri se for para fazer piadas práticas, e, tenho horror a naturebices.
Não tomo bebidas alcoólicas e nem me interesso por refri. Mas se um dia me dá na telha tomar dois litrão de Coca Cola sozinha, sou mais livre que as ondas do mar.
O especismo nas palavras - As mulheres não se importam em serem chamadas de gatinhas, mas se ofendem em serem chamadas de cachorras ou vacas. Essa ideia não é minha, está bem desenvolvida no livro "Prostitutas, bruxas e donas de casa - notícias do éden e do calvário feminino" de Ezio Flavio Bazzo. E não me venham com papo 'besta' de que por que a ideia vem de macho, não vale. Vale muito e até vale mais. E ele tem toda a razão, sobretudo no contexto do livro. Procurem para ler, pois é uma preciosidade.
E, ainda não me convence totalmente, essa coisa de se ficar controlando os vocábulos. Não gosto de ficar me policiando para falar. Detesto polícias, acho de uma incoerência total. Especialmente quando quem te policia é o outro. Aí sim, é detestável.
Auto defesa para mulheres - eu tenho livros desse tipo e são bem úteis. Tenho fanzines para distribuir gratuitamente.
Se a mulher aprendesse esse tipo de ferramenta, a coisa seria outra. Mas nada disso é conversado, nem estimulado entre mulheres. Silencio total. Nada entre mães e filhas. Por quê? Nada na escola.
A mulher aceitou numa boa a lição de ser o sexo frágil, baixar a cabeça na rua e receber de bom grado as agressões do mundo, sem estar preparada, se for o caso, para revidar.
E, não é questão de ser violenta, não. E se fosse? Mas o essencial, é estar preparada para um mundo violento, é cair na real. Não ser apenas uma vítima em potencial. Eu sempre olho nos olhos dos homens na rua, não desvio o olhar. Aprendi o contrário. Fui ensinada a baixar a cabeça, a ter medo. Um dia disse - basta!
O homem de encomenda - E se você fosse ficar sozinha? Sabia que o destino da maior parte das mulheres é a solidão? Isso é resultado de uma pesquisa publicada em um livro que eu li sobre aposentadoria e velhice para mulheres. A maior parte acaba na pobreza, pois acredita nessa fantasia de se enfeitar a vida inteira a espera do homem, e quando o encontra, acha que a vida acabou aí. Abandona as amigas, esquece o trabalho ou se afunda nele, só pensa nos filhos, etc. Gasta por conta do porvir. A propaganda é antiga? Tem certeza?
Comigo não. Fiz o contrário. Eu queria sim me apaixonar, e aconteceu algumas vezes. Ainda não sei se aprendi a amar, não é fácil. Mas sempre me preparei para a solidão, considerando que é ela, que nos segue e nos acompanha muitas vezes. Me preparei para ser solteirona. E, reparem, como pesa mais a palavra solteirona para mulher, e menos, solteirão, para homem. Então, ser casada é apenas algo que aconteceu, não foi o primeiro prêmio da loteira.
Não sou tola. Não nascemos ontem. Nem eu, nem a solidão.
Algumas pessoas consideram estas épocas como sendo um período mais puro, onde as propagandas eram doces e ingênuas. Eram outros tempos, em que havia repressão e costumes diferentes. Alguma pureza e alguma repressão, um conjunto quem sabe. E aqui tenho um livro colorido com vários rótulos esplêndidos, que dão saudade, pois usávamos aquele sabonete, ou perfume, há lindas estampas, mas uma delas é muito humilhante para a mulher. Trata-se de uma propaganda brasileira de carro dos anos 80 ou 90.
Mas isso passou despercebido. Cada época com sua cegueira. Depois se romantiza tudo. Claro que algumas marcas nos dão saudade.
Eu amo Portugal, por isso escolhi estes rótulos. E as pessoas buscam isso com fervor, procuram com nostalgia as propagandas, a época antiga. Há muita saudade. Queremos sempre voltar no tempo. Sempre fugir desta época, que, é tão sem graça, tão sem charme e sem poesia. Mas é preciso poetizar, valorizar todas as coisas. E pensar sobre elas. De mais a mais, são belos rótulos os antigos e que beleza de saudade nos provocam as propagandas de Portugal.
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