terça-feira, 4 de julho de 2017

Encontrar as palavras certas

Estou cursando a faculdade de Letras, quase domino um novo idioma, porém, como é difícil comunicar-me. Escrever, é fácil, ser lido, do mesmo modo também é. Mas, na comunicação individual, onde reina o sentimento, minhas palavras são parcas, eu não consigo me expressar.
Nasci com o dom da escrita, eu sei. Sempre foi tão fácil organizar as palavras, quanto pensar, ou respirar. Sempre foi tão perfeito ler, entender e simplesmente amar o lido. Porém, diante do amor, as palavras são insuficientes, os idiomas não valem para nada, eu fico muda.

Escrevi uma carta de amor, mas, por ser de amor, ainda tenho minhas dúvidas se disse tudo o que deveria dizer. Ou se escrevi demais, ou se não falei o essencial.
Para falar dos sentimentos nunca fui boa.

Diante de minha mãe morta, não consegui dizer-lhe que a amava.
Diante do amado, nenhuma palavra jamais saiu. Eu só sabia escrever, cometer torpezas, falar com os gestos, fugir como uma condenada, de um sentimento que me arrebatava.

Eu tenho consciência de que esta vida é curta, e perco meus dias por nada dizer. Perco minhas horas por estar aqui, em minha auto suficiência de escritora, em apenas escrever o contrário do que sinto. Se estou tão viva, citarei a morte, se estou tão feliz, citarei a melancolia.

E, de metáforas tortas, vou fazendo, além da escrita, minha vida.




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