segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O jardim frio

Há tristezas que não podem ser mostradas. Elas são mais tristes, penosas e não são bonitas.
Tentativas de poesia para o fatídico não se encaixam no mais terrível destino, onde nada é tão penoso, tão sofrível, tão desastroso.

Ver o outro sofrer, estar preso em si mesmo, em um outro mundo.
Não é meu mundo, mas eu sofro tão profundamente, que mesmo gritando não consigo aplacar essa dor.
Seria preferível receber um recado dos mortos. Do que saber de certas coisas.
Saber, me faz gritar à noite. Me faz infeliz, me faz sofrer, me faz sozinha no mundo.

O outro. É a minha irmandade. É parte, que eu tentei ignorar. Mas nada pode ser esquecido, o que no fundo ficou e está.

Misturam-se tristeza com a dor do irmão/Misturam-se a lembrança do amigo com a temível cortina, o véu de ausência.

Tento trazer à luz o funesto, torná-lo bonito, pois assim sempre sobrevivi.

A um mundo insuportável,

Busquei palavras, amei cada uma delas. Procurei com cada letra,
a outra forma de morrer.

A cada dia, naquelas pedras batem os mesmos pensamentos, o ritual.
O ilusório, a morte, para esquecer a vida estúpida
que te faz infeliz.

Ellen Augusta
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