segunda-feira, 20 de julho de 2015

Tormenta pressentida

Qual é o medo criança
do tremor desta casa
Se a janela balança
ao som do meu temporal?
Eu sentia falta dele
Era o meu tétrico amigo
Era o som afável do vento
Que nunca andava só

A lágrima que corria
O vento que aqui batia
Era a lamúria conjunta
luz sanguínea e o tremor do trovão
E também a chuva ruidosa

Correndo a madrugada
Tendo o amor como presente

Ao meu lado ele assim está agora
Eternamente ensimesmado

Nunca diz o que sente
Nunca sei o que sinto
Cai como meu corpo nas pedras
Chuva suicida
meu sono ausente
no profundo negrume
uma só palavra perpetua
Agora já morta: a saudade

Abre as janelas respira
o suave tormentoso
Meu espelho sorri.
Não mais sabe se está aqui.

Ellen Augusta
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