domingo, 1 de fevereiro de 2015

Quem está no lado negro da força? Ou meu black bloc diário

A moral está torta. Especialmente aqui neste país, parece que quem está errado é que é o certo. Pois, o lado negro da força pertence aos subversivos, aos que usam a raiva para construir, aos que estão cansados de falsidades e do estrago que o mal "dos bons" e dos cínicos causam na sociedade.
Se uma pessoa reclama, é ela, sim, ela é o centro das atenções. Ela é que ousou falar. O outro, o errado, apenas é mais um esperto, mais um otário que errou, portanto, o coitadinho, ou o malandro. Chega a ser até atraente, aos olhos de tantos. Ou tantas.
Pois estou cansada. Cansei de ser, muitas vezes, a única a fazer um favor, na rua, quando todos estão fingindo não ver. Cansei de ver algo e perceber que ninguém viu.
E nós, do lado negro da força, somos os poucos, os do lado obscuro, que, se não somos nós, nada acontece. Pois a maioria, os da luz, está ofuscada pela alienação.
A palavra negro, até mesmo a palavra, está sempre carregada de preconceito. A escuridão, a morte, o obscuro, só tem beleza. Todos morrem de medo da morte, mas nada, nenhum livro, filme, nada, é tão belo, se não houver estes elementos! Olhe meu título e lembre. Em todos os bons filmes, os personagens obscuros são fascinantes.
Eu amo a morte. Estudo-a. Ela está presente nos livros inesquecíveis, em todos os bons romances e nas melhores poesias. Nada é melhor do que morrer, pois ninguém se atreve a tal.
Me assusta o preconceito das pessoas com o que desconhece, mas tem muito palpite. O que é ainda mais espantoso,  é a coleção de preconceitos, que tende à maldade, que há no interior de quem se propõe um ser de luminosidade.
Pois nós, os subversivos, os do lado negro da força, estamos aí, fazendo nosso ativismo, sem nenhuma modéstia, que isso é para os da luz. E eu cansei desse cinismo que nada realiza.
Ellen Augusta

Leia agora a coluna de Marcio de Almeida Bueno - publicada no Jornal Panorama Regional que conta a história de alguém que ousou reclamar de um infrator de trânsito.

• Na terça à noite eu dava uma caminhada perto do Parcão, quando um carro parou no sinal fechado. O automóvel estava em cima da faixa de segurança, e o motorista falava ao celular. Um rapaz levava o cachorro para passear, atravessou e precisou contornar o veículo, expondo-se inclusive a ser atropelado por quem vinha na transversal. Reclamou ao motorista, que obviamente respondeu de forma desdenhosa. O rapaz, já na calçada, puxou uma câmera e fez fotos do motorista. O playboy debochou, mas arrancou mesmo no sinal vermelho, e parou metros adiante, talvez para esperar o rapaz passar por ele na calçada. Como o sinal demorou a abrir, ele acabou indo embora.
 • No supermercado próximo de minha casa há uma vaga de uso exclusivo para pessoas com deficiência. Repito, uso exclusivo. Diariamente a vaga é ocupada por caminhonetes-tanque-de-guerra e outros carrões imponentes. De dentro, salta sempre um 'doutor' ou uma 'madame'. Jamais vi um carrinho pobre usando indevidamente a vaga. Já fiz fotos, remeti à empresa, que até respondeu de forma sensata.
 • Mas o problema são as pessoas. O bullying no trânsito, a soberba, descontar as frustrações da vida na buzina, ter o automóvel maior que o do motorista ao lado, e 'saiam da frente'.
 • Todos exigem isso e aquilo dos governantes, honestidade dos políticos, conduta exemplar dos empregados, etc, mas na hora do próprio comportamento, aí vale a lei do tacape maior.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...