sexta-feira, 16 de maio de 2014

Desa-bafo sobre o álcool

Eu parei de beber. Mas não está sendo fácil.

A ideia de mudar, saber dizer não, lidar com a intolerância ou com a surpresa das pessoas é um conflito.
Para qualquer coisa, drogas ilícitas, dieta ou cigarro, você recebe todo o apoio da sociedade. Mas quando se trata do álcool as pessoas relativizam: "mas para quê parar se não te faz mal?".
O motivo para eu não querer mais beber: nenhum. Ou seja, parei de beber por que quis.
Não foi por religião, não foi por ser vegana (embora muitas bebidas não sejam veganas) e não foi por tomar remédios nem por dieta. Não foi por que era amargo ou por que doía.
Foi por puro querer.
Quando você fala que não bebe, as pessoas acham que algo está errado com você.
Já me perguntaram se eu fui alcoólatra. Se você não 'tem um problema' você fica meio sozinho. Ninguém te dá apoio para parar de beber.
O que me motiva a querer parar de beber foram questões políticas e libertárias.
Meu marido nunca bebeu. Eu admiro sua atitude. Passar pela vida, por todas as pessoas que te oferecem bebida, sobretudo na adolescência, ter atitude, ter integridade e a simplicidade de simplesmente dizer não.
Isso é liberdade. E o vício é um condicionante, apenas isso.
O vinho tem um sabor gostoso, não vou dizer aqui o contrário pois não sou cínica. Há aquela ideia de que é unanimidade que a bebida seja gostosa e que todos gostem de beber. Mas conheço quem não goste do gosto nem suporte o cheiro.


Beber é super aceito na sociedade. E faz parte das engrenagens do sistema, é um dos truques, para manter as mentes presas e ainda faz as pessoas pensarem que estão sendo criativas e livres.
Quem teve a ideia de considerar o vinho um alimento aqui no Rio Grande do Sul foi um deputado, através de uma lei. Simples e fácil.
É sabido as propriedades medicinais da uva, jabuticaba e outras frutas roxas e escuras, mas a uva ganhou o status por causa do vinho. Os fermentados em geral (Kefir de água, por exemplo) possuem efeitos positivos para a saúde, não só o vinho. E essa história de vinho x saúde é baseada, entre outros estudos, em testes em animais, e com o aval de políticos e entidades produtoras de vinhos. Ok, mas isso interessa para quem quer beber, não para mim. Não me interessa essa coisa de beber com moderação.
Nem falei aqui das outras bebidas e das propagandas machistas, etc... a lista é longa.

O que mais me chocou foi ver uma senadora falar descaradamente contra uma proposta de lei que restringe a propaganda de álcool como já é feito com o cigarro.
O álcool causa acidentes de trânsito, mortes, violência contra a mulher, crianças, homens, animais, exploração do trabalho, poluição. E ainda deixa marcas no organismo. Nenhum médico se arrisca a endossar o consumo de álcool.

Na adolescência conheci por fanzine um pessoal do chamado movimento Straight Edge associado ao Punk.
O movimento defende a total e perene abstinência em relação a entorpecentes (tabaco, álcool e as chamadas drogas ilícitas). Além disso muitos deles são veganos. O princípio punk que amo e sigo - Faça Você Mesmo - gritado, cantado e seguido pelo meu ídolo Renato Russo, está presente neste estilo. Que admiro muito.
Lembrando: não pertenço a nada. Admiro muitas coisas de diversos movimentos.
Se o consumo de álcool e tabaco já considero o cartão ponto para ser um robozinho do sistema, as outras drogas então, nem se fala.
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